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Projeto de Resolução

PROJETO DE RESOLUÇÃO610/2018

            EMENTA:
            CONCEDE A MEDALHA TIRADENTES E SEU RESPECTIVO DIPLOMA A ILUSTRÍSSIMA CANTORA E ATRIZ BRASILEIRA JANE DI CASTRO
Autor(es): Deputado CARLOS MINC

A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
RESOLVE:
    Art. 1º - Fica concedida a Medalha Tiradentes e o respectivo diploma a Ilustríssima cantora e atriz brasileira JANE DI CASTRO.

    Art. 2º - Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação.


    Plenário Barbosa Lima Sobrinho, 13 de Março de 2018.



    Deputado
    CARLOS MINC

JUSTIFICATIVA

Jane Di Castro, é cantora e atriz brasileira e também nos últimos 25 anos tem utilizado sua arte como instrumento de apoio, engajamento e luta pela cidadania LGBTI no Rio de Janeiro, mas tem participado de vários eventos em defesa da causa por todo o Brasil.
Passou a infância no bairro de Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro. Filha de mãe evangélica e pai militar, sofreu em casa a repressão por ser uma mulher transexual.
Na década de 1960, foi trabalhar como cabeleireira, em Copacabana. Começou a se apresentar em casas noturnas do bairro e, em 1966, estreou no Teatro Dulcina. Manteve a carreira artística em paralelo com a profissão, até abrir seu próprio salão, em 2001.
Foi dirigida por Bibi Ferreira no espetáculo Gay Fantasy no qual também atuaram Rogéria, Marlene Casanova e outras. Foi dirigida por Ney Latorraca, no espetáculo Passando batom. Apresentou-se em diversos palcos do Brasil e do exterior, incluindo uma performance no Lincoln Center.
Em 2004, estrelou no Teatro Rival o espetáculo Divinas Divas, ao lado de Rogéria, Divina Valéria, Camille K, Eloína dos Leopardos, Marquesa, Brigitte de Búzios e Fujika de Halliday. O musical, que relembra a trajetória de travestis e transformistas de Copacabana, manteve-se em cartaz por 10 anos.
Na véspera do Dia Orgulho LGBT do ano passado (27 de junho de 2017), foi lançado o filme Divinas de Divas que conta a história da primeira geração de artistas travestis e transexuais do Brasil, que foram Jane Di Castro, Rogéria, Valéria, Camille K., Fujica de Holliday, Eloína, Marquesa e Brigitte de Búzios, que formaram o grupo que testemunhou o auge da Cinelândia repleta de cinemas e teatros. O filme, de Leandra Leal, ajuda a restituir um pouco da história desse grupo mas também nos traz um olhar sobre o contexto da época e as dificuldades e preconceitos que Jane Di Castro e outras amigas passaram e a luta delas pelo direito de existir.
Jane há mais de 15 anos, é síndica do prédio onde mora, mostrando que as mulheres travestis e trans podem e devem ocupar todos os espaços na sociedade.
Jane Di Castro, ao lado de Rogéria e Claudia Celeste, figura entre as três mulheres trans atrizes que mais ocuparam espaços nas telinhas de TV, como a Rede Globo, em novelas que deram visibilidade a temática LGBT na sociedade brasileira.
Uma mulher trans, que ao longo de sua vida sofreu diversos preconceitos, mas sempre de cabeça erguida os enfrentou e deu a volta por cima. Jane Di Castro é uma das fundadoras da primeira Parada do Orgulho LGBT do Brasil, que acontece desde 1995 em Copacabana, no Rio de Janeiro, organizada pelo Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT. Jane desde 1995 é colaboradora-voluntária do Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT em diversas ações.
Jane Di Castro, em 2002 - a convite do ativista do Grupo Arco-Íris e fundador da Parada do Orgulho LGBT - Rio Cláudio Nascimento, passou a participar das cerimônias de abertura oficial da Parada do Orgulho LGBT-Rio, entoando o hino nacional. Um marco simbólico importantíssimo para fortalecer a agenda de luta e visibilidade das pessoas travestis e transexuais.
Depois disso, Jane Di Castro notabilizou-se como a Dama do Hino Nacional, cantando em várias cerimônias oficiais no Palácio da Guanabara – Sede do Governo do Estado do RJ, no Palácio Tiradentes – Sede da Assembleia Legislativa do RJ, no Palácio da Cidade – Governo do Rio, na Câmara Municipal de Vereadores do Rio e em vários eventos da comunidade lgbt pelo Brasil.
O hino nacional, que em muitos momentos da história brasileira, foi usado como justificativa para uma ideia de um civismo moralista, de uma república para poucos e de censura às diferenças, especialmente na Ditadura Militar, passava a ser entoado por uma representante de um grupo que esteve sempre a margem: LGBT, e principalmente, as travestis e transexuais.
Nesse sentido, os aparatos de repressão do Estado, mesmo no “Brasil da Abertura”, as travestis e mulheres trans, sempre foram alvo de humilhação, perseguição e violência. Assim, Jane Di Castro, uma mulher trans, cantando o Hino Nacional Brasileiro, trazia um novo olhar que contribuía para a ressignificação desse símbolo nacional e convocava a nossa pátria mãe gentil para a construção de república que acolha todas as suas filhas e filhos desse Brasil diverso e plural.
Jane, há 16 anos, com a sua voz, contribui para construir uma nova mentalidade histórica e afetiva deste símbolo-pátrio que deve representar valores republicanos como a igualdade de direitos, orespeito as diferenças e o reconhecimento da pluralidade, bem como, do estado de direito democrático e laico.
Também em 2010, Jane Di Castro percorreu, com a equipe do Programa Rio Sem Homofobia, mais de 25 munícipios do estado do Rio de Janeiro para ações de lançamento da Campanha “Um lugar tão maravilhoso como Rio não combina com Discriminação”, emprestando a sua voz para a causa da cidadania LGBTI, cantando desde Blues da Piedade (de Cazuza) a La Vie en Rose (de Edith Piaf), sem deixar de entoar o símbolo- pátrio que em sua interpretação singular toma um lugar material de afetividade e força.
Entre 2011 a 2015, Jane Di Castro, nas grandes cerimônias coletivas de casamento homoafetivo e LGBT no Rio de Janeiro - consideradas as maiores do mundo, de novo estava lá, oferecendo o seu canto como instrumento de luta e resistência, e mais ainda, para celebrar que vale a pena lutar por que parafraseando Chico Buarque, “amanhã vai ser outro dia”.
Tanto é assim que Jane em dezembro de 2014, na cerimônia de casamento coletivo com 160 casais lgbt, não só cantou como casou-se com seu companheiro Otávio Bonfim, à época tinham 47 anos de relacionamento, sendo também beneficiada pela luta coletiva que tanto contribuiu.
No dia 08 de março, Dia Internacional da Mulher, pela contribuição as artes, a cidadania LGBT, aos direitos das Mulheres Trans, aos direitos humanos e a luta pela construção de uma República democrática, laica e plural, propomos o nome de Jane Di Castro para figurar entre as comendadoras e comendadores da Medalha Tiradentes, um símbolo da luta republicana e contra a injustiça.

Legislação Citada



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Informações Básicas

Código20180500610AutorCARLOS MINC
Protocolo024051Mensagem
Regime de TramitaçãoOrdinária

Entrada 13/03/2018Despacho 13/03/2018
Publicação 14/03/2018Republicação 17/05/2018
Comissões a serem distribuidas


01.:Normas Internas e Proposições Externas


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