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SESSÃO SOLENE

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A SRA. PRESIDENTE (Martha Rocha) – Autoridades presentes, senhoras e senhores, bom dia. Sob a proteção de Deus, damos início à Comemoração dos 500 anos da Primeira Volta ao Mundo. Vamos falar sobre a importância da Expedição Marítima liderada por Fernão de Magalhães, que cruzou o planeta e transformou para sempre a ciência náutica, a cartografia e a geopolítica mundial.

Esta é uma iniciativa do Fórum Permanente do Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio de Janeiro, em parceria com a Associação Luís de Camões.

Convido para compor a Mesa de trabalho: a Exma. Sra. Teresa Macedo, embaixadora da Associação Luís de Camões. (Palmas)

(Palmas)

Convido o Exmº. Sr. Jaime Leitão, Cônsul Geral de Portugal. (Palmas)

Convido o Exmº. Luis Prados Covarrubias, Cônsul Geral da Espanha. (Palmas)

Convido o Exmº. Ministro Claudio Ricardo Gutierrez, Cônsul Geral da Argentina. (Palmas)

Convido a Exmª. Srª. Ministra Conselheira María Noel Reyes, Cônsul Geral do Uruguai. (Palmas)

Convido a Exmª. Srª. Sarita Fonken Lopez, Cônsul Adjunta do Peru. (Palmas)

Convido o Exmº. Sr. Juan Carlos, Cônsul Geral do Chile. (Palmas)

Quanto céu, quanto mar, quantos horizontes não se expandiram por obra desses homens liderados pelo navegador português Fernão de Magalhães, que a serviço da Coroa Espanhola partiu há 500 anos do Porto de Sevilha para explorar novas rotas.

As aventuras relatadas pelo escritor italiano Antonio Pigafetta sobreviveram e com elas um mundo se abriu não apenas diante deles, mas diante de parte da humanidade.

Hoje, o Plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro comemora essa aventura e celebra a primeira volta ao mundo, integrando-se a uma agenda de comemorações que se estenderá até 2022.

Ao trazer essa história para o centro da atenção do Parlamento, nosso intuito é resgatar, a partir das falas dos especialistas que reunimos aqui e da arte que nos ajuda a compreender o mundo, o que as grandes navegações imprimiram nos povos e culturas com que esses navegadores interagiram ao se lançarem em busca de novas rotas comerciais.

Que essa seja uma manhã rica de informações e inspiradora, e que as instituições aqui presentes se sintam convidadas a difundir essa história, que é de todos nós.

Em nome da Presidência da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro e de todos os 70 Deputados que compõem este Parlamento dou boas-vindas a todos e a todas.

Passo a palavra para a Embaixadora da Associação Luís de Camões, Sra. Teresa Macedo, para falar sobre o papel da associação no fomento ao calendário de comemorações para marcar essa data. S.Exa. dispõe de três minutos.

A SRA. TERESA MACEDO – Antes do mais, quero agradecer à Sra. Deputada Estadual, Martha Rocha, ao Presidente desta Assembleia e também à Presidente do Fórum Econômico por esta oportunidade de podermos aqui ter uma conversa que se espera viva sobre este evento, este episódio crucial na história da humanidade.

Como representante da Associação Luís de Camões, não poderia senão estar associada a essas comemorações, porque a associação é uma entidade vocacionada, sobretudo, para a difusão da cultura, a valorização do ensino e da educação.

Em nosso entendimento, achamos que esse evento foi sobretudo ancorado no conhecimento e na cooperação entre os homens. O conhecimento e a cooperação entre os homens em grande parte no seu legado principal: o deste evento. Conhecimento no sentido da informação analisada, testada, estruturante no desenvolvimento de qualquer sociedade. A cooperação entre os homens, entre as sociedades, entre os povos que é um componente incontornável do desenvolvimento e do sucesso de qualquer empreendimento humano.

A Associação, desde o princípio deste ano e ao longo desses três anos, tem se envolvido nestas celebrações em parcerias com a Marinha Brasileira, com a Fundação Roberto Marinho e com a Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro, mas também de uma iniciativa de pegar no acervo de uma das suas instituições que é o Real Gabinete Português de Leitura e expor esse acervo, o acervo que está aí sobre este evento e sobre quem o fez e sobre o que foi escrito sobre ele, e aqui fica o convite para visitarem o Real Gabinete e a tomarem parte nesta pequena amostra, nesta pequena exposição, que vai estar nos próximos tempos e está à vossa disposição entre às 9 horas e às 18 horas, em todos os dias úteis da semana.

Muito obrigada.

A SRA. PRESIDENTE (Martha Rocha) – Agradecendo a Exma. Sra. Teresa Macedo, convido para falar o Exmo. Sr. Cônsul Geral de Portugal, Sr. Jaime Leitão.

O SR JAIME LEITÃO – Boa tarde, 1ª Presidente desta Sessão, Deputada Martha Rocha, e na sua pessoa cumprimento as pessoas da Mesa, Sr. Presidente da Associação Luís de Camões, aqui presente, Dr. Francisco Gomes da Costa, minhas senhoras e meus senhores, Portugal e Espanha têm, nos últimos meses, desenvolvido, em vários pontos do mundo, um esforço grande para levarem ao público esta celebração da primeira globalização, que foi feita pelos portugueses e espanhóis, e que no fundo levou ou tende a levar, cada vez mais, ao encontro dos povos e, portanto, tornar, talvez, esperemos, a humanidade mais unida.

Ao longo dos séculos, também, claro que este sucesso de globalização levou muitas vezes aos fortes e ainda está levando aos fortes a dominarem os mais fracos. Mas, por outro lado, nos últimos anos da história, os fracos têm encontrado apoio para terem mecanismos para se defenderem dos mais fortes. E a democracia, em que todos acreditamos, é obviamente um ambiente propício para que esses mecanismos se desenvolvam e, portanto, que haja menos diferença entre os fracos e os fortes.

Eu venho de um país pequeno que também dominou, mas que hoje em dia luta por essa igualdade dos povos. E, portanto, parece-me que é isso que nós devemos assegurar nesta primeira grande epopeia da globalização.

Muito obrigado, meus senhores. (Palmas)

A SRA. PRESIDENTE (Martha Rocha) – Registro a presença do Exmo. Sr. Francisco Gomes da Costa, Presidente do Real Gabinete Português de Leitura; do Exmo. Sr. Arlindo Varella, Vice-Presidente da Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro.

Agradecendo ao Exmo. Sr. Cônsul Geral de Portugal, passo a palavra ao Cônsul Geral da Espanha, Sr. Luís Prados.

O SR. LUÍS PRADOS – Sra. Presidenta da Comissão, Sras. e Srs. Deputados, colegas Cônsules e representantes das distintas instituições aqui presentes, em primeiro lugar, quero parabenizar a Instituição Luís de Camões e a própria Alerj, por organizar este ato, que tem todo sentido.

Esta expedição que começou em 1519, terminando em 1521, foi uma grande aventura com enormes consequências em todos os âmbitos para a humanidade. Saíram cinco barcos com 219 pessoas e chegou um barco com 33 pessoas. Percorreram 32 mil milhas marinhas e atravessaram âmbitos geográficos muito diversos. O mundo mudou, a percepção do mundo mudou a partir desse momento com enormes consequências no âmbito científico, econômico, social e tantos outros.

É normal que o Rio organize uma atividade de comemoração desse importante evento, porque o Rio foi a primeira etapa da expedição em terra americana – em 13 de dezembro de 1519 a expedição chegou ao Porto do Rio. Por esse motivo, além das atividades que a Embaixadora mencionou, nos próximos dias 11, 12 e 13 de dezembro será organizado um seminário acadêmico internacional no Museu Histórico Nacional para analisar essa expedição e suas repercussões hoje. Desse seminário participam Espanha, Portugal, Brasil como anfitrião e também terá representantes de outros países americanos por onde a expedição passou, cujos cônsules estão presentes a esta Mesa agora.

Convido todos a acompanhar o evento, pois certamente uma boa relação entre ele e esta Assembleia é bem-vinda.

Muito obrigado. (Palmas)

A SRA. PRESIDENTE (Martha Rocha) – Muito obrigada.

Informo que os convidados que quiserem fazer perguntas deverão se dirigir ao Cerimonial e preencher a respectiva ficha.

Convido agora o Exmº. Sr. Cônsul Geral da Argentina, Ministro Claudio Ricardo Gutierrez, para fazer uso da palavra.

O SR. CLAUDIO RICARDO GUTIERREZ – Bom dia!

Quero agradecer ao Presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, Deputado André Ceciliano, pelo convite para participar desta importante cerimônia.

Deputada Martha Rocha; Srs. Deputados; diretor do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha, Vice-Almirante José Carlos Mathias; senhoras e senhores cônsules gerais de Portugal, Espanha, Chile, Uruguai e Peru; Embaixadora da Associação Luís de Camões, Sra. Teresa Macedo; Professor do Museu Histórico Nacional, Sr. Paulo Roberto Pereira; senhores palestrantes, bom dia!

Estamos comemorando nesta oportunidade cinco séculos da primeira circunavegação do planeta, evento de dimensões épicas que transformou o curso da história. Como no resto do mundo, na Argentina muitos eventos comemorativos ocorrerão em várias instituições, universidades e no âmbito público, que nos permitirão apreciar o espírito da época tão transcendentes e buscar vários aspectos de uma ação inigualável.

Dentro das celebrações nesta cidade, o Consulado Geral da Argentina terá o prazer de apresentar a professora argentina da Universidade Geral de Mar del Plata María Luz Gonzalez Mesquita, membro da Real Academia de História, que discursará no seminário internacional do V Centenário da Primeira Volta ao Mundo, que será realizado na próxima semana no Museu Histórico Nacional.

Nestas breves palavras, eu gostaria de distanciar-me das controvérsias sobre os maiores ou menores méritos de Espanha ou Portugal, ou dos navegadores Elcano e Magalhães.

Todos foram fundamentais para o sucesso final desta grandiosa empresa.

O formidável evento da primeira volta ao mundo há 500 anos, excede essas questões, que embora sejam muito interessantes para os efeitos historiográficos e nacionalistas, mas não ultrapassam a importância da aventura de coragem, audácia e ambição e, fundamentalmente, de crença nos conhecimentos científicos e na tecnologia que esses homens trilharam em favor do desenvolvimento humano.

Este marco que celebramos já pertence à humanidade por suas consequências globais e irreversíveis.

A circunavegação do planeta foi um exemplo daqueles tempos desafiadores que reflete uma mudança na visão do mundo, no desenvolvimento das comunicações e do comércio e também na luta pela conquista e lucro de uma escala maior.

Foi a continuação mais acelerada de um processo lento, porém constante de globalização que ainda estamos vivendo. A circunavegação foi equivalente em importância - de alguma forma - ao fenômeno atual da internet: os dois marcos com características muito diferentes, rapidamente aproximaram as pessoas dos lugares mais remotos do mundo. Globalizou-se o comércio, a cultura, os costumes e os elementos que conformavam naquele momento o progresso.

Minha homenagem àqueles marinheiros de diversas nacionalidades, seres humanos como todos, com talentos, desejos e fraquezas, mas com um denominador comum de desafio, perseverança e ambição.

Vamos considerar positivamente esses atributos como exemplo de como a humanidade, ao longo da história, tem dado passos revolucionários em direção ao futuro, às vezes sem ter ciência disso. Essas qualidades deverão servir-nos para construir um futuro melhor.

Muito obrigado. (Palmas)

A SRA. PRESIDENTE (Martha Rocha) – Passo a palavra para o Cônsul Geral do Chile, Excelentíssimo Senhor Juan Carlos Barrientos.

O SR. JUAN CARLOS BARRIENTOS − "Muito obrigado senhora presidente. Senhores cônsules gerais que me acompanham nessa mesa, convidados especiais, membros da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, em primeiro lugar, agradeço ao presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro o convite feito para participar desse ato em homenagem a sanha histórica realizada pelo navegador português Fernão de Magalhães.

Desculpo-me por falar em espanhol, porque meu português é muito básico. Sem dúvida que os merecimentos históricos dessa sanha realizada por Fernão de Magalhães já são conhecidos por todos nós, aprendemos desde pequenos no colégio e não tem muito sentido que eu me alongue sobre esse tema.

No entanto, quero destacar que a primeira circum-navegação do globo e o descobrimento do Estreito de Magalhães é para o Chile uma situação particularmente importante por ser um grande promotor do comércio internacional como conhecemos hoje.

O Estreito de Magalhães se transformou, ao ser uma via navegável, em um centro muito importante para o desenvolvimento da Região de Magalhães, no sul do Chile. Este é um feito de grande importância para o nosso país e é uma das razões pelas quais também no Chile estamos comemorando a sanha de Fernão de Magalhães.

Muito obrigado!

A SRA. PRESIDENTE (Martha Rocha) – Agradeço ao Excelentíssimo Sr. Cônsul-Geral do Chile e ao Excelentíssimo Sr. Cônsul-Geral da Argentina.

Dando prosseguimento a este evento, convido a Cônsul-Geral do Uruguai, Sra. Ministra Conselheira María Noel Reyes.

A SRA. MARÍA NOEL REYES – Bom dia a todos e todas. Agradeço a iniciativa deste convite para podermos acompanhar este início das comemorações no Rio de Janeiro.

Deputada Martha Rocha, Embaixadora Teresa Macedo e colegas Cônsules-Gerais, acompanhando o que já foi indicado por nossas colegas, esta expedição foi extremamente importante para o mundo todo, iniciando o que depois ficou conhecido como Globalização, de alguma maneira, marcando ethos, sobretudo nos nossos países na América do Sul, do ponto de vista cultural e comercial.

Por uma parte, essa rota iniciará as rotas comerciais que vão conectar depois os nossos países, vendendo bens que são necessários na Europa. Esta influência também do ponto de vista cultural tem a ver com a necessidade de a língua espanhola se instalar aqui, de o domínio espanhol também, da necessidade de inculcar a fé católica e também a mestiçagem entre os índios e os europeus.

Além disso, pontualmente, o impacto inicial com o Uruguai foi mais no ponto de vista da identidade. Desta expedição, aquela primeira aproximação ao território que depois será o Uruguai inicia com o batizado do nome da nossa capital. Porque foi o marinheiro português que visualizou um morro, o hoje conhecido Cerro de Montevideo, e ele falou: “Monte vi eu”, e isto dá o nome para a capital do país posteriormente.

Também fica batizado o Rio da Prata nesta expedição. Quando os navegantes conseguem enxergar os índios, estes mostram uma tigela de prata, e eles depois relacionam este rio enorme com esse instrumento, que depois será batizado para identificar o Rio da Prata.

Também é descoberto o rio Uruguai. Magalhães indica a uma parte da frota que inicie uma navegação por uma área e depois se confirma que não era aquele o caminho, porque vai se estreitando. Este, segundo os índios, era o rio Urai, que depois começou a ser nomeado rio Uruguai.

Nesta etapa foi a nossa identidade, mas o impacto obviamente cultural e comercial é para todos nós. E o Consulado do Uruguai está apoiando também esta participação do especialista estudioso do tema neste seminário que vai acontecer na semana próxima no Museu Histórico Nacional.

Também acontecerão atividades entre os dias 7 e 12 de janeiro no Uruguai, começando com exposição cultural sobre a expedição. Também terá colocação de placa recordatória. Uma regata especial dos navios veleiros, dos nossos países, acontecerá em janeiro, em Punta del Este.

Também será realizado um seminário internacional com características semelhantes a este que vai acontecer na próxima semana no Rio de Janeiro. Então, também o Uruguai está se somando a estes eventos comemorativos desta expedição extremamente importante para a toda a humanidade.

Muito obrigada. (Palmas)

A SRA. PRESIDENTE (Martha Rocha) – Agradeço à Excelentíssima Sra. Cônsul-Geral do Uruguai.

Convido agora para falar a Excelentíssima Sra. Cônsul Adjunta do Peru, Sra. Sarita Fonken Lopez.

A SRA. SARITA LOPEZ – Prezados senhores, bom dia. Em primeiro lugar, agradeço à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro pelo convite para participar desta Sessão comemorativa. A primeira volta ao mundo, que este ano completa 500 anos, significou uma revolução para todas as culturas.

Fernando de Magalhães continua sendo uma figura válida como símbolo da busca pelo conhecimento. Sua coragem e determinação fizeram dele uma das maiores referências da exploração na história da humanidade.

A primeira circunavegação foi acontecimento sem precedentes e teve impacto em diferentes áreas: da navegação à Teologia. O comércio foi, sem dúvida, o mais beneficiado: inspirou mais exploradores a se lançarem em busca de novas rotas, que ligavam as diferentes partes do Globo.

É graças a essas novas rotas que, décadas e séculos depois, chegaram ao Peru produtos de diferentes partes do hemisfério, que foram incorporados à cultura. Hoje, o Peru é um país diverso e, cuja culinária é um símbolo de orgulho para cada um de seus habitantes. No entanto, essa riqueza culinária reúne a função de inúmeros ingredientes, que foram incorporados desde a chegada dos espanhóis à América do Sul.

A excelente culinária peruana é o resultado das grandes fusões entre os alimentos dos incas, como as frutas, legumes e os costumes que trouxeram os migrantes, vindos da Itália, da China e do Japão, entre outros países.

O governo peruano, reconhecendo a importância e o impacto que a primeira circunavegação gerada nos países da região e no mundo participará do Seminário Internacional V Centenário da Primeira Volta ao Mundo, organizado pela Marinha do Brasil. Nesse evento, a Dra. Margarita Suarez fará uma exposição sobre o que esse acontecimento significou para o Peru.

Aproveito a oportunidade para convidar todos os presentes a participar, na próxima semana, do Seminário internacional.

Muito obrigada. (Palmas)

A SRA. PRESIDENTE (Martha Rocha) – Agradecendo à Exma. Sra. CônsulAdjunta do Peru, gostaria de agradecer uma vez mais a fala de todas as representações dos países, que foram diretamente alcançados por essa navegação, e declaro neste momento que desfaremos a Mesa e assistiremos à encenação da peça “Navegar é Preciso’, adaptada para este evento pelo ator Tony Correia.

Muito obrigada. (Palmas)

(APRESENTAÇÃO TEATRAL)

Agradeço à Deputada Martha Rocha, que realmente organizou, se empenhou, à equipe dela, à Geiza, para que estivéssemos aqui para que isso não passasse como se nada fosse, jogasse aí essa grande lição no lixo da história. Eu faço minha parte. Não é querer me vangloriar.

Pode mostrar, por favor, aquela imagenzinha, já que não tem uma grande tenda, em Copacabana, nem food trucks por aí, eu fiz a minha. No sábado assim fiz e vou fazer até chegarem aqui, lá na Praça XV. Montei uma tendinha e lá fiquei, falando de Magalhães, a quem passava. Parecia maluco. Sim, poderia ter Magalhães, se aproximarmos – não dá para ver – mas, ali está escrito 500 anos.

Agora, pode mostrar a outra, por favor?

Porque, quem ali foi estar comigo? Alguém reconhece? Ah! Uma escola que passava, então, falei para eles. Para alegria minha e recompensa, fui aplaudido. Os alunos gostaram!

Pode voltar para trás, por favor? Na outra. Vou mostrar para vocês. Aqui não dá para ver, mas ali, do lado esquerdo da tendinha. Aquilo que está encostado é Nutella, um negócio gigante. Olha o tamanho dele. Por que estava lá um negócio de Nutella desse tamanho? Porque o meu sonho é que se fale de nossa história aos alunos, de tal maneira, que gostem tanto desta história como da Nutella, em vez de ser uma sucessão de datas e nomes completos, completíssimos e grandes e que a gente não entende porque se fala da história com o que ela realmente significa na nossa alma. Na história, ouvi isso e gostei: é um estilingue que a gente puxa para ir mais além. Quem não sabe de onde vai, também não sabe para onde vem. Por isso, o meu agradecimento, do fundo do coração, à Marta Rocha e, enfim, é claro, a todos os que se envolveram, o Presidente, todos os Deputados, que eu também gostaria que estivessem aqui. Eles têm muita coisa para fazer, sim, a 500 anos. Eles tinham e se deram. Não é uma crítica, é o Dom Quixote falando. Certamente, tinham muitas razões válidas para não estarem aqui, e eu respeito. Alguns podem até estar doentes, mas ainda assim, como Dom Quixote, e ele veio.

Queridos, quero agradecer a vocês por realmente tudo o que fizeram, sobretudo, pela presença aqui, por não deixarmos passar esta data em branco. Se Deus quiser, sábado lá estarei. Três dias depois, vai chegar o Magalhães. Não sei se posso montar a barraca, mas se puder lá estarei. Durante o mês de dezembro, se me permitirem, lá estarei. Falarei da história “ah, porque, olha, foram os alunos, mas também, tem mais uma”. Isso, os alunos, foi ótimo, mas olha aí, 80 anos tem aí o Jean Claude, e eu lá falei também dessas coisas. É isso, essas sementes que depois a gente quer que frutifique.

Queridos, ainda que eu tenha realmente o poder, e até a fé , para mover montanhas, faltam ingredientes!.

Ainda que eu dê tudo que eu dê tudo o que tenho, um pouco do meu tempo, mas ainda assim, para que isso tenha significado, faltam ingredientes. E vocês sabem o que é. Ainda que eu possa dar tudo o que tenho, com a fé toda do mundo, mas não tiver amores, nada sou!

Isso tem significado, não pela obrigação, mas pelo amor que sentimos por nossos avós e porque queremos ter palavras de futuro e esperança.

O Brasil está atravessando, como outros países, um oceano. Ele conseguiu! E quando olhamdos as coisas assim, Deus querira, o homem sonha. N, não podemos dirigir o vento, mas podemos ajustar as velas!. ÉE é isso que a gente faz e vencemos a distância!

. QE que os países da rota de Magalhães passem essa mensagem a todos, de união, em queq eu cada um é valorizado, não esquecendo o amor que nos une!

A vocês, de coração, obrigado pela presença e também pela paciência em me ouvir. (Palmas)

Obrigado! Obrigado.

A SRA. PRESIDENTE (Martha Rocha) – Dando continuidade ao nosso evento, convido para compor esse painel a Exma. Sra. Teresa Macedo, Embaixadora da Associação Luíis de Camões. (Palmas).

Convido o Exmo. Sr. Vice-Almirante José Carlos Mathias, Diretor do Departamento de Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha. (Palmas).

Convido o Exmo. Sr. Paulo Roberto Pereira, Professor da Universidade Federal Fluminense e Diretor Científico do “Seminário Internacional 5º Centenário da Primeira Volta ao Mundo: a Estadia da Frota no Rio de Janeiro.” (Palmas).

Convido o Exmo. Sr. Charles Castro, Coiordenador de Gestão Intersetorial da Secretaria Estadual de Educação, nesse ato representando o Exmo. Sr. Secretário de Estado de Educação, que não está presente, mas apresentou seus cumprimentos, em razão de uma agenda com o Ggovernador, na Região dos Lagos.

Peço que leve o nosso abraço ao Secretário Pedro Fernandes.

Convido o nosso querido ator Tony Correia. (Palmas)

Para falar sobre os “500 Anos da Primeira Volta ao Mundo”, ressaltando, como historiador especialista no temapo, de que forma a circununavegação impactou o desenvolvimento dos países por onde Fernão de Magalhãaes passou, convido o Professor da Universidade Federal Fluminense, Diretor Científico do “Seminário Internacional 5º Centenário da Primeira Volta ao Mundo: a Estadia da Frota no Rio de Janeiro”, o Exmo. Sr. Paulo Roberto Pereira, que.

V. Exa. O senhor dispõe de dez minutos.

O SR. PAULO ROBERTO PEREIRA – Exma. Sra. Deputada Martha Rocha, Presidente desta Sessão, Exmo. Sr. Charles Castro, representante da Secretaria Estadual de Educação,; Exmo. Sr. Embaixador Luíis Prados Covarrubias, Cônsul- Geral da Espanha no Rio de Janeiro e Exmo. Sr. Embaixador Jaime Leitão, Cônsul- Geral de Portugal do Rio de Janeiro, em nome de quem cumprimento os demais diplomatas presentes. Exmo. Sr. Almirante José Carlos Mathias, Diretor do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha,; Exma. Sra. Teresa Macedo, Embaixadora da Associação Luís de Camões; Exmo. Sr. Tony Correia, Senhoras e Senhores, o.

O título do meu pequeno texto é A Permanência no Rio de Janeiro da Armada de Fernão de Magalhães.

(Lendo)

“Comemorar na Cidade do Rio de Janeiro o V Centenário da Primeira Volta ao Mundo, iniciada pelo navegante português Fernão de Magalhães e concluída pelo capitão espanhol Juan Sebastián Elcano, justifica-se pelo fato de, em 13 de dezembro de 1519, ter sido a Baía de Guanabara o primeiro porto visitado pela expedição que partira de Sevilha em 20 de setembro de 1519, com cinco navios e cerca de 280 marinheiros – cada historiador do século XVI para cá aponta um número aleatório de marinheiros; atualmente esse número foi levado para 280 –, para concluir a missão em 6 de setembro de 1522, com apenas uma nau, a Vitória, e 18 tripulantes.

Para nós, brasileiros, a estadia da frota de Magalhães nas águas da Guanabara, antes de Villegagnon, de Mem de Sá e de Estácio de Sá, possui um simbolismo que transcende o século XVI ao demonstrar a contribuição sul-americana à primeira circum-navegação do globo. Era um Brasil que começava a dar seus primeiros passos, enquanto Leonardo da Vinci, nesse emblemático ano de 1519, cerrava seus olhos.

A partir da publicação do diário do cronista da expedição, Antônio Pigafetta, que pertence à linhagem dos grandes viajantes italianos, o mundo começou a conhecer essa aventura marítima sem par na história que, ainda hoje, é vista como um feito tão ou mais extraordinário do que a chegada do homem à lua há 50 anos, por percorrer todos os oceanos, iniciando a globalização, integrando culturas e mercados no alvorecer da modernidade.

Os portugueses consideravam o Oceano Atlântico um mare nostrum, assim como o Oceano Pacífico foi o mar espanhol do século XVI, após a primeira viagem de circum-navegação do globo terrestre. É que, após o Tratado de Tordesilhas, as Cidades de Lisboa e Sevilha tornaram-se grandes centros comerciais de produtos exóticos que iam das especiarias ao pau-Brasil, onde mercadores cosmopolitas financiavam o lucrativo negócio das viagens de descobrimento e comércio de pimenta, canela, cravo, em que as distâncias se tornavam menores em um mundo que se globalizava rapidamente.

A viagem idealizada por Fernão de Magalhães buscava um novo caminho para se chegar às Ilhas Molucas ou das especiarias pelo Ocidente percorrendo o Atlântico Sul. Mas essa longa e terrível aventura marítima acabou por se tornar um paradigma pelo desejo de contornar o globo terrestre, provando a esfericidade da Terra dentro daquele ambiente de revoluções astronômicas e cartográficas da Renascença. Fernão de Magalhães, na sua interpretação do Tratado de Tordesilhas, defendia que as ilhas das especiarias estavam em águas espanholas, motivando a ironia de Francisco I, de França, que dizia: “Eu gostaria de ver a cláusula do testamento de Adão que me exclui da partilha do mundo.”

Ao preparar sua viagem às Ilhas das Especiarias, na rota pelo Ocidente, Fernão de Magalhães aproveitou a experiência náutica e cartográfica da Espanha e de Portugal, ampliando o conhecimento da Baía de Guanabara/Rio de Janeiro como a primeira região da América em que a frota fundearia de 13 a 27 de dezembro de 1519. A estadia de duas semanas da expedição de Magalhães no Rio de Janeiro foi narrada por participantes da viagem como Pigafetta, que no seu diário faz a primeira descrição antropológica dos tupinambás da Guanabara.

A extraordinária aventura vivida por Pigafetta com os índios do Rio de Janeiro só teria comparação algumas décadas mais tarde, quando outros intelectuais europeus, como André Thevet, Jean de Léry, Hans Staden, José de Anchieta, que beberam, por diferentes vias, nas águas do humanismo, relataram suas experiências com os indígenas do Rio de Janeiro, estimulando Michel de Montaigne a colocar nos Ensaios os tupinambás, a confirmar a influência que o índio canibal brasileiro exerceu no pensamento renascentista.

Há também outros relatos da passagem da armada pelo Rio de Janeiro, que designa o local da costa brasileira pelo topônimo de Rio de Janeiro, a confirmar ser corrente este nome em 1519. Magalhães, entretanto, deu à região o nome de Baía de Santa Luzia, por chegar no dia consagrado à santa católica, em vez de empregar o topônimo Rio de Janeiro, com que a região fora denominada por Américo Vespúcio, já corrente na cartografia quinhentista, como se observa na carta náutica de 1513 do almirante turco Piri Reis, que se encontra no Museu Topkapi Sarai, em Istambul.

É provável que Magalhães, ao dar novo nome à região da Baía de Guanabara, tentasse se precaver de futuras acusações de que navegara sem autorização em território português, acordado pelo Tratado de Tordesilhas, embora sabendo que a América Portuguesa, descoberta por Pedro Álvares Cabral, era suficientemente conhecida pela difusão que tiveram os escritos de Américo Vespúcio, como Mundus Novus, publicado em 1504.

Além disso, Magalhães levava na armada João Lopes de Carvalho, piloto da nau Concepción, que conhecia a navegação no Atlântico Sul, pois passara quatro anos na feitoria de coleta do pau-brasil na Baía de Guanabara, descoberta em 1502 pela frota de Américo Vespúcio. Assim, João Lopes de Carvalho era “um prático experiente nos caminhos do Atlântico Sul. Seu nome ficaria ligado à história do Brasil como um dos primeiros ‘moradores’ europeus da Baía de Guanabara”.

João Lopes de Carvalho tivera um filho com uma indígena da Guanabara que ficou conhecido na frota de Magalhães como Joãozinho Niñito. Esse brasileirinho da Guanabara foi o primeiro latino-americano que participou da travessia do Estreito de Magalhães e do Oceano Pacífico. Assim se inclui, nessa aventura que iniciou a globalização, a história de Joãozinho Lopes de Carvalho, o único brasileiro que participou da primeira volta ao mundo. Portanto, ao retomar a viagem de circum-navegação em direção ao Estreito que receberia o nome do navegador, a frota Magalhães ia, nas palavras do almirante Max Justo Guedes, “levando um brasileirinho de apenas sete anos, talvez o primeiro marujo da nova e forte raça que portugueses e gentios começam a produzir.”

Estava aí, senhoras e senhores, na frota de Magalhães, um registro precoce da sociedade multiétnica brasileira.

Muito obrigado.

(Palmas)

A SRA. PRESIDENTE (Martha Rocha) – Convido para falar sobre a agenda de comemorações que está sendo realizada pela Marinha do Brasil, os principais legados dessa circum-navegação e de que forma relembrar essa empreitada pelas atuais gerações o Exmo. Sr. Diretor do Departamento de Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha, o Sr. Vice-Almirante José Carlos Mathias.

O SR. JOSÉ CARLOS MATHIAS – Deputada Martha Rocha, senhores embaixadores, senhores e senhoras aqui presentes, é uma satisfação muito grande para mim, em nome da Marinha do Brasil, participar deste evento junto com a Alerj, local em que já participamos de várias atividades, como, recentemente, o evento envolvendo diversos equipamentos culturais da região, tanto o Museu Histórico Nacional como a Casa França-Brasil, no total de onze, principalmente, nos fins de semana, nos feriados, com a maior participação do público, com a maior visitação do público nesta área.

Há cinco séculos a expedição naval comandada por Fernão de Magalhães saiu da Espanha, pretendendo atingir as ilhas das especiarias, as Molucas, por uma nova rota, navegando do ocidente para o oriente, percorrendo a América do Sul em busca de uma passagem marítima.

Esta odisseia dos tempos modernos redundou na primeira viagem completa ao redor da Terra, também inaugurando as navegações no Oceano Pacífico. Foi um desafio espetacular para cinco navios veleiros do Século XVI que desconheciam grande parte da rota que iriam percorrer. Até hoje, com toda a tecnologia empregada nos modais de transporte as circum-navegações aéreas e marítimas não são frequentes e são qualificadas como desafios.

A Marinha do Brasil empreendeu com seus navios oito viagens em torno do globo. A primeira foi realizada entre novembro de 1879 a janeiro de 1881 pela Corveta Vital de Oliveira, quando conduziu uma missão diplomática especial à China Imperial.

As viagens de circum-navegação que se seguiram para além da sempre presente função diplomática, cara ao caráter global das Marinhas de Guerra, congregaram a formação profissional dos nossos futuros oficiais, instruindo uma turma de Guardas-Marinha, alunos do último ano da nossa Escola Naval.

A mais recente dessas viagens ao redor do mundo foi realizada pelo Navio-Escola Brasil, em 2008, conduzindo 158 Guardas-Marinha por 20 portos em apenas 183 dias, comparados aos 1.082 dias que a nau Vitória, última remanescente da frota de Magalhães, levou para completar a primeira circum-navegação da Terra.

Cruzando todos os oceanos, essa viagem inaugural integrou povos, culturas e mercados, antecipando a globalização presente em praticamente todos os setores da economia do Estado do Rio de Janeiro.

A frota de cinco naus saiu da Espanha em setembro de 1519 com cerca de 250 tripulantes comandados por Magalhães, que morreria em terras do Oriente. O percurso foi completado em 1522 somente pela nau Vitória com apenas 18 tripulantes sob o comando de Juan Sebastián Elcano.

Para celebrar os 500 anos da passagem dessa expedição pela Baía de Guanabara, primeiro porto visitado nas Américas, em 13 de dezembro de 1519, a Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha, o Museu Histórico Nacional, as Embaixadas de Portugal e Espanha no Brasil e seus Consulados no Rio de Janeiro e os Institutos Camões e Cervantes promovem, nos dias 12 e 13 de dezembro de 2019, o Seminário Internacional 5º Centenário da Primeira Volta ao Mundo: a Estadia da Frota no Rio de Janeiro, a ser realizado no Auditório do Museu Histórico Nacional, a poucas centenas de metros deste prédio, também histórico, o Palácio Tiradentes.

Esse encontro reunirá especialistas do Brasil, Espanha, Portugal, Argentina, Chile, Peru e Uruguai para comemorar a contribuição dos países sul-americanos visitados pela frota da primeira viagem de circum-navegação.

Sua consecução contou com o essencial apoio dos consulados no Rio de Janeiro da Argentina, Chile, Peru e Uruguai e o patrocínio da empresa de navegação Elcano, da Companhia Energética Repsol, da Associação Brasileira de Empresários Galegos – Abegal -, da Naturgy, da Elecnor Brasil e da Neoenergia.

As inscrições estão abertas até dia 10 de dezembro. Podem ser feitas pelo sítio eletrônico hospedado no portal da diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha.

Teremos 12 especialistas em diversos aspectos da epopeia de Magalhães e Elcano, vindos dos países já mencionados, assim como alguns do Brasil, apresentando estudos ainda inéditos, uma oportunidade única para o contato direto com pesquisas que foram apresentadas em eventos recentes na Espanha e em Portugal, países que empreendem conjuntamente um vasto calendário de comemorações homenageando este acontecimento.

Haverá a visita no Rio de Janeiro ao navio veleiro, também navio-escola, Juan Sebastián Elcano, durante o período do seminário, estando aberto à visitação pública no Armazém 7, em frente ao AquaRio, nos horários que aparecem no slide que está sendo apresentado.

Esperamos nós, os organizadores e os conferencistas, que o Seminário Internacional 5º Centenário da Primeira Volta ao Mundo: a estadia da frota no Rio de Janeiro se torne um espaço para propor reflexões sobre a expedição liderada pelos navegadores Magalhães e Elcano e a sua inserção no processo de globalização, estabelecendo pontes entre o passado e o presente, revisitando a história sob uma perspectiva contemporânea.

Muito obrigado. Espero contar com todos no nosso evento. (Palmas)

A SRA. PRESIDENTE (Martha Rocha) – Passo a palavra à Embaixadora Teresa Macedo, da Associação Luís de Camões, para falar sobre a importância desse evento para o intercâmbio cultural.

A SRA. TERESA MACEDO – Bom dia. Quero sublinhar que é a atualidade deste evento que determina em boa parte o interesse que ele nos suscita. Celebrar os 500 anos da circum-navegação consiste, antes de mais, em recordar as vicissitudes de um evento que acabaria por mudar o curso da história; consiste, antes de mais, em usá-lo para tentar compreender os desafios presentes e futuros da nossa civilização e celebrar o valor do conhecimento e o valor da cooperação humana.

É sublinhar a importância do conhecimento. Quando falamos do conhecimento, falamos daquilo que é fundamental para o desenvolvimento de um país. É um pretexto para reafirmarmos que a capacidade de iniciativa e a cooperação das sociedades são as chaves do sucesso de todos os empreendimentos humanos. É uma oportunidade de pensar o presente e procurar navegar o futuro, e de o fazer cooperando, porque os problemas com os quais nos deparamos hoje, de sustentabilidade e de gestão de recursos, são, afinal, problemas de todos nós, neste mundo que, afinal, é tão pequeno.

É, afinal, aceitar o desafio de gerir em conjunto a incerteza que define o mundo tal como o conhecemos hoje, gerando conhecimento e o partilhando, investindo na educação da cidadania, na abertura ao outro, na aposta dos desafios da interculturalidade, envolvendo, neste processo, naturalmente, as escolas, porque são os estudantes de hoje que serão, amanhã, os principais agentes de divulgação e consolidação destes valores.

Estas comemorações foram desenhadas para envolver, ao longo dos próximos três anos, os países que estiveram direta ou indiretamente ligados a este episódio decisivo da história da humanidade, que juntou o mundo, e o mundo nunca mais foi igual. A transformação do mundo então conhecido foi radical e provocou ondas de choque que, ontem como hoje, afetaram e afetam a vida de todos nós.

Ao criar uma teia global de comunicações, pondo em contato geografias, povos, economias, sociedades, culturas, religiões, julgo não ser exagerado dizer que a circum-navegação terá sido a primeira versão - não digital, naturalmente -, de www – world wide web -, que todos tão bem conhecemos, e que significa em português, rede de alcance global.

Desde logo, esta rede global viria a projetar o homem e seus feitos, experiências e conhecimentos para o centro do mundo – a legitimidade do mundo anterior, teocêntrico, viria neste contexto a ser posta em causa. A fé no homem passou a ser o eixo central do pensamento, e as novas correntes de pensamento potenciaram e consolidaram esta visão: do renascimento ao nacionalismo; do empirismo ao iluminismo; do realismo ao relativismo e existencialismo; do modernismo ao pós-modernismos e por aí em diante.

Seria naturalmente redutor e falacioso omitir as convulsões e tropismos que acompanharam uma revolução e evolução deste calibre: fricções, violências, fraturas, conflitos, agressões, opressões, exclusões – é todo um vocabulário infelizmente bem atual que mexe, interfere e afeta o cotidiano do mundo que criamos e em que vivemos.

Temos hoje ao nosso alcance um sofisticadíssimo acervo de instrumentos e ferramentas e um elevado grau de capacitação para as usarmos; mas é, sobretudo, preciso vontade política para as utilizar na transformação sistêmica das nossas sociedades: informática, robótica, indústria de serviços redirecionados para o bem-estar de todos. Enfim, devolver à política o seu lugar sobre a ‘economia a qualquer preço’. Porque o preço a pagar pode ser a perpetuação da exclusão, de opressão das minorias, da marginalização da diferença, das agressões ambientais, que pode hipotecar sem apelo o delicado legado humanista que a viagem à volta do mundo nos proporcionou e nos prometeu.

E porque gostaríamos todos, julgo eu, de desmentir alguém no sentido de que Deus não terá, afinal, sobre-estimado as suas capacidades ao criar o homem.

Muito obrigada pela atenção. (Palmas)

A SRA. PRESIDENTE (Martha Rocha) – Convido para falar sobre o legado da circum-navegação para a educação e de que forma a Secretaria prevê trabalhar esse tema durante o período das comemorações 2019-2022 junto aos professores da rede estadual, o Coordenador de Gestão Intersetorial da Secretaria de Estado de Educação, Professor Charles Castro.

O SR. CHARLES CASTRO – Bom dia a todos!

Gostaria de iniciar minha fala cumprimentando a Deputada Estadual Martha Rocha, estendendo a todos que compõem a Mesa e a Plenária desta Casa.

Venho quebrar um pouco a formalidade do encontro e agradecer carinhosamente ao ator Tony Gonzaga. Sou Professor de Geografia e para mim hoje foi um mergulho a forma com que ele abordou. Que bom que ainda podemos, nos dias de hoje por meio da arte, da expressão e de outras formas mais subjetivas, elevar a percepção e a importância do conhecimento, que de alguma forma remontam à história da humanidade, da Geografia, da História, da Sociologia, das Ciências Humanas. É preciso mais do que nunca afirmar a importância desses saberes.

Hoje represento o Secretário de Estado de Educação Dr. Pedro Fernandes e para nós é motivo de muita alegria participar desta celebração.

A circum-navegação foi responsável pelo processo de grandes transformações sociais que se originaram ao longo dos Séculos XV e XVI. Foi talvez o momento de maior promoção do saber, das trocas e do início do processo de globalização. Foi também o período do Renascimento e, com ele, a abertura de novas possibilidades de ser e de estar no mundo, e isso tem tudo a ver com Educação – que seja uma educação subjetiva, que promova a vida. Com a promoção da ciência e do antropocentrismo, o conhecimento ganha nova centralidade nesse processo.

Este ano já realizamos na Secretaria de Estado de Educação o encontro Sensibilização com Educadores, com professores da rede estadual de ensino, e apresentamos a peça que hoje o ator Tony nos mostrou aqui de forma bem breve. Nós nos comprometemos, no início do próximo ano letivo até o encerramento dessa celebração, envolver as unidades escolares.

Temos hoje na rede estadual 1.222 unidades, um grupo de 700mil estudantes, e é uma grande responsabilidade para nós, enquanto Secretaria de Estado de Educação, considerando a complexidade do nosso Estado e o tamanho dele, com seus 92 municípios, envolver essa rede. Mas consideramos que seja de grande importância fazê-lo. Nós vamos, no próximo ano, estimular pedagogicamente que esta celebração se estenda, sobretudo estimulando a curiosidade, o resgate histórico e de promoção do saber científico.

Talvez a novidade no nosso trabalho seja o envolvimento com os grêmios estudantis da rede. Esse é um trabalho que vimos fortalecendo bastante nesse ano, de forma talvez inovadora para a Secretaria de Estado de Educação, fortalecendo o protagonismo juvenil, dando aos estudantes da nossa rede a oportunidade de ter voz e vez e de se empoderar nesse conhecimento. Precisamos desenvolver uma educação pública que dialogue com os interesses deles, sobretudo com uma educação que dê a eles a oportunidade de conhecerem a sua história.

É nas problematizações que surgem a partir da circum-navegação que o homem estabelece sobre o globo uma nova forma de se comunicar, de se apropriar e de se relacionar, deixando para nós profundas marcas sociais. Acreditamos que o tempo e o movimento necessitam ser resgatados, efetivando sobretudo o papel de uma educação que seja comprometida com a memória social e com a promoção do saber.

Agradeço a oportunidade.

(Palmas)

A SRA. PRESIDENTE (Martha Rocha) – Antes de encerrar, mais uma vez, agradeço a contribuição trazida pelo professor Paulo Roberto Pereira, da Universidade Federal Fluminense, pelo Vice-Almirante José Carlos Mathias, pela Dra. Teresa Macedo e pelo professor Charles Castro.

Agradeço a manifestação do Dr. Roberval Baldini, presidente da Associação Brasileira de Energias Alternativas e Meio Ambiente. Ele assim nos fala: “Cumprimento a presidente do Fórum Permanente, Dra. Geiza Rocha, e a Deputada Martha Rocha, Presidente da Sessão da Alerj em 3 de dezembro de 2109, e, em nome dos associados da Abeama e em meu nome, cumprimento pela iniciativa da comemoração da primeira volta ao mundo, lembrando que a circum-navegação a vela há 500 anos foi possível pelo uso da energia dos ventos e do sol, que hoje representa, para o Brasil e os países sul-americanos, uma forma de matriz energética desses países”. Muito obrigada, Dr. Roberval Baldini.

Mais uma vez agradeço também aos Exmos. Srs. embaixadores de Portugal, Espanha, Argentina, Peru, Chile e Uruguai e ao nosso querido ator Tony Correia. Manifesto nossa alegria por estar, nesta oportunidade, trazendo à nossa memória os desafios do que se traduziu como a primeira volta ao mundo. Essa aventura marítima está para o passado como a globalização está para os dias atuais. Assim, revendo o passado e saudando o futuro, registro a fundamental participação do Fórum Permanente de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio de Janeiro, na figura da Dra. Geiza Rocha, na realização deste belíssimo evento do qual hoje participamos.

Despeço-me relembrando a fala da Exma. Sra. Teresa Macedo, que nos diz que o grande ensinamento de Magalhães foram seus princípios humanistas aqui deixados. Como cidadã portuguesa, filha de pais que aqui chegaram na década de 40, me despeço de todos e todas lembrando que tudo vale a pena quando a alma não é pequena. Bem haja a todos os povos que de alguma forma foram alcançados pela primeira navegação e que os ensinamentos de Magalhães permaneçam conosco na construção de um mundo que, apesar das diferenças, seja capaz de entender os princípios humanistas, seja capaz de trilhar caminhos voltados à paz e à solidariedade.

Muitíssimo obrigada a todos que aqui estiveram. Declaro encerrada esta reunião.

(Palmas)

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