Texto O SR. PRESIDENTE (Luiz Paulo) - Bom dia a todos e a todas!
Às 10h10 do dia 22 de outubro de 2019, sob a proteção de Deus, damos início ao seminário “O Papel da Bioeconomia na Oferta de Soluções para os Resíduos”.
Este evento faz parte da Semana Lixo Zero no Estado do Rio de Janeiro, dedicada à conscientização ambiental e à discussão sobre a gestão de resíduos e, que, este ano, acontece simultaneamente à Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que tem a bioeconomia como tema central. Hoje vamos conhecer o conceito, a aplicação e as oportunidades para o Estado nesta área. É uma iniciativa do Fórum Permanente de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio de Janeiro Jornalista Roberto Marinho.
Convido para compor a Mesa a Sra. Marília Santa’Anna, da Coordenação de Base Tecnológica do Sebrae-RJ; a Sra. Maria Beatriz Bley M. Costa, coordenadora da GreenRio e diretora-executiva do Portal Planeta Orgânico; o Sr. Edson Freitas, presidente da ONG Eccovida; o Sr. Sergio Cantalista, coordenador administrativo da GR Agrária - Preservação e Revitalização Ambiental; a Sra. Maria Elizabeth Correia, chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agrobiologia; e o Sr. José Henrique Rabello Penido Monteiro, coordenador do Escritório de Sustentabilidade da Comlurb.
(Palmas)
Bom dia, novamente, a todos e a todas! O Fórum de hoje tem como objetivo unir dois temas importantíssimos para o desenvolvimento sustentável do Estado: a bioeconomia e a gestão dos resíduos sólidos. Ele nasce do desafio, lançado pela Câmara Setorial de Desenvolvimento Sustentável, de reunir numa mesma programação especialistas que pudessem explicar o conceito da bioeconomia e de que forma ela já está presente em nossas vidas e falar do que a inovação já é capaz de entregar à sociedade, utilizando recursos biológicos que são mais sustentáveis.
Esta semana, em todo o Brasil, há pessoas mobilizadas organizando eventos na Semana Lixo Zero para debater a redução de resíduos e as alternativas presentes na reciclagem.
Estudantes, professores e cientistas estão organizando seminários e simpósios para comemorar a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que este ano traz o tema da Bioeconomia como foco central.
Um dos desafios da política nos dias atuais é colocar a economia a favor da sustentabilidade. A regra é simples: precisamos criar estímulos para que as atividades com menor impacto ao meio ambiente ou que enfoquem a sua restauração possam se desenvolver ao mesmo tempo em que as políticas públicas vão sendo moldadas para desestimular atividades que causem desequilíbrios no ecossistema. Para que isso avance, quem legisla precisa estar próximo e conhecer as soluções que os empreendedores estão produzindo e ofertando no mercado. É dessa interação que vão surgir os melhores caminhos.
Mudanças climáticas, crise econômica mundial, substituição do uso de energia fóssil e saúde são problemas socioambientais contemporâneos que ofertam uma infinidade de oportunidades para o desenvolvimento de soluções.
O que os palestrantes vão oferecer nos próximos noventa minutos são informações que nos ajudarão a entender de que forma o conceito da bioeconomia deve ser estimulado para entregar soluções eficazes e coerentes para esses problemas.
Sejam todos muito bem-vindos.
Faço a ressalva de que estou substituindo nesta abertura o nosso Presidente André Ceciliano, visto que a Assembleia Legislativa, hoje, terá um dia bastante duro pela frente. Haverá, às 12horas, uma reunião do Colégio de Líderes e, às 13horas, votação em plenário.
Peço que considerem como extensão desta mesa, visto que ela comporta apenas um número pequeno de pessoas, a presença do Sr. Ângelo César Resende Ferreira, Diretor da Empresa AB Criação Mídias; e da Sra. Dara de Sousa e Silva, Diretora de Operações da AgeRio. Considerem-se como se na mesa estivessem.
Pelas mesmas razões por que o Presidente não pôde estar aqui na abertura, tenho eu outros compromissos. Vim aqui apenas promover a abertura. Vou passar o comando deste seminário à nossa Coordenadora Geiza, que fará o papel de anfitriã, na condição de figura central do Fórum de Desenvolvimento da nossa Assembleia Legislativa.
Muito obrigado pela presença. (Palmas)
Esqueci de dizer que ela é Geiza Rocha e o meu nome é Luiz Paulo Corrêa da Rocha, mas isso não significa nepotismo, pois não somos parentes.
A SRA. GEIZA ROCHA – Bom dia a todos.
Dando prosseguimento ao nosso encontro, agradecendo a presença de todos, passo a palavra, para falar sobre o Papel da AgeRio no Fomento à Bioeconomia e à Sustentabilidade, à Diretora de Operações da AgeRio, Dara de Sousa e Silva.
A SRA DARA DE SOUZA E SILVA – Bom-dia a todas e a todos, inicialmente, agradeço as palavras de boas-vindas do Deputado Luiz Paulo e agradeço, especialmente, à Geiza Rocha pelo convite. É muito importante para a Agerio estar aqui, neste momento, com vocês.
Fazendo uma breve apresentação, o nosso tempo é bem objetivo e o que a gente traz para vocês são informações relevantes, nessa semana tão importante.
A Agerio é Agência de Fomento do Estado do Rio de Janeiro. Muitos não conhecem o papel de uma Agência de Fomento. A gente diz o seguinte: imagina um BNDES, único e exclusivo, para um Estado. Esse é o papel de uma Agência de Fomento de um tamanho diminuto, mas com os mesmos objetivos de promover o desenvolvimento sustentável do Estado.
Trouxe para vocês, logo na primeira tela, a nossa missão que é fomentar por meio de soluções financeiras e desenvolvimento sustentável do Estado do Rio de Janeiro, com excelência na prestação de serviço.
A Agerio é uma instituição financeira não bancária, assim como o BNDES, regulada pela Lei 13303 das Estatais e atuamos, basicamente, com recursos de terceiros, recursos que são repassados à Agerio, tal como o BNDES, a FINEP, o próprio FGTS, recursos que utilizamos para apoiar financeiramente: micro, pequenas, médias empresas, microempreendedores e os 92 Municípios do Estado do Rio de Janeiro.
Mas como o tema aqui – pode prosseguir – é o tema voltado para a bioeconomia, para a sustentabilidade do Estado do Rio de Janeiro, eu começo trazendo alguns números para demonstrarmos o nosso potencial, mesmo pequeno, no Estado do Rio de Janeiro, como na verdade, já contribuímos bastante durante o ano de 2019, para esse momento de recuperação da nossa economia.
No ano de 2019, já fizemos 460 operações que significam um acréscimo de 100% do que fizemos no ano passado. Colocamos cerca de 111 milhões, por meio de financiamentos, pretendemos chegar até 120, 130 até o final do ano, e geramos quase cerca de 1.600 empregos diretos no Estado do Rio de Janeiro.
O nosso foco de atuação, como eu disse, são micro, pequenas e médias empresas e o microcrédito, o setor público, por intermédio dos municípios.
Assim, quais são os nossos diferenciais? Estamos focados muito mais na geração de emprego e renda, nesses projetos. Eu trouxe para vocês aqui, duas frentes que têm a ver com o tema de hoje: o que fazemos junto aos municípios e o que fazemos para o setor de ecoeficiência.
Temos operações que podem chegar em até dez anos de prazo, com até três anos de carência, com taxas que começam a partir 0.45% ao mês. Tudo isso dentro de um atendimento customizado da Agerio.
A Agerio funciona no Município do Rio de Janeiro, mas nos nossos braços junto aos 92 municípios presentes por meio de ações que fazemos junto aos municípios.
Só para vocês darem uma olhada, o quanto crescemos de contratação em relação ao mesmo período do ano passado. São alguns gráficos que deixaremos com vocês, por conta de informações mais detalhadas.
Atualmente operamos com recursos próprios, recursos voltados para a inovação - é o que abordar - focado também na ecoeficiência, e recursos do Fundo de Garantia voltados para os municípios.
A Agerio Sustentável - pode abrir tudo de uma vez.
Na Agerio Sustentável, como eu disse para vocês, trabalhamos com prazo de até dez anos, com prazo de carência de até três anos, e todos esses itens, todas essas frentes são itens possíveis de financiar pela Agerio no projeto das micro, pequena e média empresas.
Temos o tratamento de resíduos sólidos, as energias limpas, todas as instalações e despesas de licenciamento, infraestrutura, todos os itens que fizerem algum sentido dentro do projeto focado na ecoeficiência.
Nossa outra fonte de recursos é para inovação e fazemos um movimento conjunto com a nossa fonte de recursos voltada para a ecoeficiência, são recursos carimbados da Finep. A AgeRio é o único agente financeiro no Estado do Rio de Janeiro que opera com recursos da Finep. Esses recursos podem financiar até 90% do projeto, tudo o que se possa imaginar com relação a inovação de produtos, inovação de processos, inovação organizacional, inovação voltada para marketing pode ser inserido dentro de um financiamento da AgeRio com recursos da Finep.
O mais interessante são as condições de financiamento, que vão até oito anos. Hoje, basicamente, quando falamos de micro e pequenas empresas, eles giram em torno de 5,5% ao ano, porque é TJLP pura. Quando está mais próxima do porte de uma média empresa – financiamos empresas que faturam até 90 milhões de reais ao ano –, a taxa de financiamento ao ano também vai para 6,57%. Isso é interessante para vocês verem a diferença do foco do financiamento da AgeRio.
Trago aqui dois casos de sucesso, sendo que um é de uma ação que fazemos junto aos municípios, em parceria com os bancos públicos – Banco do Brasil e Caixa Econômica – e apoio do Sebrae. Algumas dessas ações fazemos também com o BNDES e a Finep, dependendo do foco maior da ação. Hoje, inclusive, estamos em São Gonçalo com o Rio em Ação, que tem sido um sucesso. Para vocês terem uma ideia, fizemos um evento no Quitandinha, no ano passado, sendo a manhã voltada para o microcrédito e a tarde voltada para micro e pequenos empresários. Tivemos lá um público muito interessante, com MEIs e pessoas físicas, como ambulantes, por exemplo, que nunca tinham entrado no Quitandinha, mesmo tendo nascido em Petrópolis. Com esse movimento que nós fazemos em parceria com outros atores financeiros públicos e o próprio Sebrae, que leva orientação financeira para micro e pequenas empresas, também fazemos um trabalho de inclusão social, de sustentabilidade naquele município. Isso é uma ação de sucesso.
Tenho aqui outro caso de sucesso, específico em relação a tratamento de resíduos sólidos, o do Ciclo Orgânico. Trata-se de uma pequena empresa em Duque de Caxias que financiamos com recursos da Finep; é um projeto voltado especificamente para tratamento da matéria orgânica encontrada no lixo e a transformação, com a técnica de compostagem, em adubo orgânico. Esse caso foi veiculado recentemente no Jornal Nacional, um financiamento feito pela AgeRio para uma micro-pequena empresa – ela já está caminhando para o patamar de pequena empresa.
O sonho desse rapaz, quando criança, era ser motorista de caminhão de lixo – é muito interessante vocês conhecerem a história dele no YouTube – e hoje ele tem uma empresa de tratamento de matéria orgânica encontrada no lixo, transformada em adubo orgânico. Junto com sua equipe, ele faz a separação do lixo orgânico em baldes cedidos por sua própria empresa, a Ciclo Orgânico. Sua equipe faz a coleta periódica desse balde por meio de bicicletas, o lixo coletivo é levado para composteiras locais e, no fim do mês, o cliente recebe o composto orgânico gerado. Então o cliente tem, vamos dizer assim, uma conta com a Ciclo Orgânico para tratar a matéria orgânica que ele próprio gera dentro da residência dele.
Pode passar, só para finalizarmos.
Desde 2015, quando começou o negócio dele, ele já tratou 468 toneladas de composto orgânico, foram 750 toneladas de resíduos orgânicos tratados e 561 toneladas de emissão de CO2 evitadas.
O último slide: isso foi por meio de financiamento, a AgeRio é exclusiva para trabalhar com esses recursos no Estado do Rio de Janeiro. O pátio de compostagem é em Duque de Caxias e ele teve todo o processo financiado, veículos e equipamentos, inclusive o caminhão com que ele tanto sonhava um dia ter para realizar seu sonho. Só que isso se deu de uma forma muito mais inovadora e muito mais sustentável.
Agradeço a vocês esses momentos. Aqui foi a visita da nossa equipe à empresa. Deixo com vocês a apresentação e os nossos telefones de contato. Muito obrigada.
(Palmas)
A SRA. GEIZA ROCHA – Obrigada, Dara.
É muito importante vermos de que forma esse tema da sustentabilidade está sendo tratado pela AgeRio e tentarmos aproximar mais as políticas. Recentemente, a Alerj aprovou uma lei criando a política estadual de investimentos e negócios de impacto, outro tema importante para aproximar e que tem tudo a ver com essa questão do desenvolvimento sustentável, dos pequenos negócios, dos empreendimentos que mudam realidades.
Dando seguimento ao evento, convido Marília Sant’Anna, da Coordenação de Base Tecnológica do Sebrae-RJ, para falar sobre bioeconomia e biostartups, uma parceria de sucesso para o meio ambiente.
A SRA. MARÍLIA SANT’ANNA - Bom dia! Tudo bem?
É um prazer estar nesta Casa falando um pouco sobre o trabalho que o Sebrae vem realizando com a bioeconomia, com a sustentabilidade, numa parceria de grande sucesso para o meio ambiente. Nós vamos falar sobre o conceito de bioeconomia e sobre a bioeconomia no Brasil e no Rio de Janeiro e trago uma grande surpresa para os senhores. Quero que prestem bastante atenção porque eu vou trazer uma surpresa, vou apresentar um case e os senhores vão ficar muito felizes com o resultado.
Para o Sebrae, a bioeconomia consiste em iniciativas que utilizem... Falamos aqui de bioeconomia. O que é isso? Na verdade, o conceito de bioeconomia trata da utilização de organismos vivos ou sistemas biológicos para produzir um produto, um processo ou um serviço com um fim econômico. Esse é o conceito de bioeconomia da OCDE.
O Sebrae trabalha nesse sentido, mas voltado para a atuação das micro e pequenas empresas. Quando se fala de bioeconomia ouve-se falar de biomassa. Até sabemos: biomassa, biodiesel, biotecnologia, biocombustível, isso é bioeconomia, só que numa grande escala.
Como inserimos as pequenas empresas nesse cenário da bioeconomia? O mais interessante é que as pessoas não percebem como a microempresa pode estar inserida na bioeconomia. No entanto, as micro e pequenas empresas, os produtores, são hoje os guardiães do meio ambiente e da sustentabilidade. Aí está o papel do Sebrae: ajudar, capacitar, promover a bioeconomia, esse desenvolvimento sustentável no Rio de Janeiro no Brasil.
Nós trabalhamos o conceito de bioeconomia com o encadeamento produtivo de projetos ligados à moda, ao alimento, à construção civil, ao agronegócio, ao meio ambiente, ao turismo, no sentido de aproveitar toda a rede de conhecimento das universidades, dos centros de pesquisa. Nós temos essa rede de inteligência aqui no Rio de Janeiro, então, a ideia é trabalhar esses projetos utilizando essa rede de parceiros, no sentido de gerar produtos e serviços sustentáveis, como, por exemplo, embalagens inteligentes, roupas biodegradáveis – roupas biodegradáveis, sabiam? –, construções inteligentes, construções sustentáveis e também a rastreabilidade de alimento. Gerando e fomentando o quê? Gerando desenvolvimento territorial e emprego, fomentando o empreendedorismo e, principalmente, o desenvolvimento do nosso Rio de Janeiro, porque aqui vou me referir ao Rio de Janeiro, é lógico.
O desafio é inserir a bioeconomia com as micro e pequenas empresas, gerando esse desenvolvimento sustentável, principalmente, aproximando as universidades, os centros de pesquisas, com as tecnologias, com as inovações que eles detêm, de forma que as nossas micro e pequenas empresas possam fazer o quê? Inovar. Possam se tornar mais competitivas. Porque, das micro e pequenas empresas, inovam somente 5%. É muito baixo. Então, a bioeconomia faz com que a inovação chegue até os pequenos negócios. E os senhores vão ver de que forma.
O Sebrae produziu alguns conteúdos, alguns estudos, que depois nós podemos disponibilizar - na verdade, já estão disponíveis-, que são: O Termo de Referência em Bioeconomia. Aqui, no Rio de Janeiro, nós fizemos o mapeamento do ecossistema de bioeconomia - quem trabalha, quais são os agentes, o que eles fazem, para a gente poder entender como isso funciona no Rio. E fizemos também este e-book, que se chama Empreendedorismo em Bioeconomia: Aprendendo com o mercado. Os senhores podem baixar o e-book e conhecer dez cases, dez histórias de biostartups, instituições que trabalham a bioeconomia: como pessoas que montaram a sua biostartup estão trabalhando a bioeconomia e gerando emprego e inovação.
No Termo de Referência, do Sebrae, nós trabalhamos a bioeconomia de forma transversal, nas cadeias de alimento, de moda, floresta, turismo, agronegócios. Nós trabalhamos no Brasil todo. O Sebrae está em vinte e um estados trabalhando a bioeconomia e atendendo a quase três mil empresas. Esses foram os dados de 2018.
Mapeamos o ecossistema de bioeconomia no Rio de Janeiro e identificamos algumas potencialidades para trabalhar isso, que são: área da saúde, biomassa, bioprodutos, bioinsumos, energia renovável, biotecnologia. O e-book apresenta estudos de caso, cujo download os senhores podem fazer gratuitamente.
Agora a surpresa que eu trouxe. A gente fala de bioeconomia, de biostartup, mas, na verdade, as empresas tradicionais são criadas e depois começam a pensar: “Como vou ser mais sustentável? Quais práticas eu tenho que adotar?” É aí, senhores, que está a diferença da biostartup. Por quê? Porque ela já nasce com esse conceito da sustentabilidade. As biostartups já nascem, como se fala, com essa “pegada” da sustentabilidade, de promover soluções sustentáveis, gastar menos água, poluir menos, gerar menos resíduos.
Qual é a surpresa que eu trouxe? Nós estamos trabalhando há quatro anos, temos alguns resultados para mostrar com a nossa metodologia. E é engraçado porque a gente vê casos de sucesso e acha que só acontecem no Vale do Silício, na Europa, mas vou mostrar exemplos daqui do Rio de Janeiro, que os senhores podem conhecer. Vamos ver como funciona na prática.
Esta aqui é a Fazenda Urbana, com microvegetais que crescem em seis dias - da semente à mesa em seis dias. Eles utilizam a fibra de coco para fazer a base para o crescimento dos microvegetais. Este aqui é um pé de rúcula. É a Fazenda Urbana. Um outro exemplo envolvendo a bioeconomia com a economia circular é uma startup chamada Stand UPet, que estava no Green Rio - eu tirei esta foto lá -, que utiliza a garrafa PET para fazer pranchas de Stand Up.
Eles se inspiraram na Lagoa de Araruama, porque os meninos que moram no entorno sequer têm dinheiro para brincar, comprar uma prancha de Stand Upet. Então, eles se inspiraram neste modelo, estão construindo esta prancha e trabalhando com a sustentabilidade, proporcionando às pessoas mais acesso a este tipo de esporte.
O outro exemplo é a Flore, criada no Hacking Rio: a pessoa joga o lixo, a garrafinha de plástico, no baú, vai acumulando pontos e gerando benefícios, um clube de vantagens, com a reciclagem. O senhor estava falando da reciclagem - esta é a Flore.
A Pólen também transforma resíduos em receita.
O Instituto Libertas faz a captação de óleo. Já foi captado um volume que está evitando mais de dois bilhões de águas contaminadas.
A Mancha Orgânica, que ganhou o prêmio Shell Iniciativa Jovem, que faz tinta atóxica a partir de resíduos de cacau, de beterraba. A Jupe também faz tingimento de tecidos a partir de restos de alface, de flores. Trabalha-se o encadeamento produtivo com os resíduos. Todos esses passaram por ações do Sebrae - cursos, consultorias, eventos, encontros de negócios. Então, são cases reais e da nossa cidade maravilhosa. Muito bom.
Esse aqui é o Luminol, que ganhou o prêmio Cientista do Ano. É uma enzima que trabalha com a descontaminação de ambiente. Agora, ele mudou o formato, e o interessante é que essa mesma enzima está sendo utilizada para os resíduos de cerveja. Ele ganhou o Hackathon da Ambev e está trabalhando com essa enzima na Ambev para aproveitamento de resíduos.
Finalizando, temos o Nucleário, um núcleo para ajudar no plantio de mudas e também é biodegradável. Foi desenvolvido com a consultoria tecnológica do Sebraetec. Parabéns para todos nós do Rio de Janeiro. Dá muito orgulho mostrar esses cases das nossas startups no Rio.
Nesse período em que o Sebrae vem trabalhando, houve a aplicação da Ciência no mercado, gerando emprego e faturamento. As biostartups já faturaram até 400mil reais; 60% estão com a tecnologia pronta para escalar e 11% das biostartups em que nós estamos trabalhando já se formalizaram.
Como a minha instituição pode contribuir para o Rio de Janeiro? Falando mais sobre o tema, mostrando os nossos projetos. Convido todos para conhecerem. Estou à disposição. Agradeço a atenção de todos. Vou deixar o meu contato.
Muito obrigada. (Palmas)
A SRA. GEIZA ROCHA – Obrigada, Marília. Muito bom ver vários casos que podemos depois seguir e também referências de publicações importantes.
Vou passar a palavra agora para a coordenadora do Green Rio e diretora executiva do portal Planeta Orgânico, Maria Beatriz Bley Costa, para abordar a questão dos resíduos na bioeconomia.
A Maria Beatriz já trouxe esse tema da bioeconomia há mais tempo, nos eventos da Green Rio, e já estabeleu parcerias com outros países, como a Alemanha, e temos falado bastante sobre esse tema. É importantíssimo você estar presente para poder contar isso para mais pessoas.
A SRA. MARIA BEATRIZ BLEY COSTA – Em primeiro lugar, muito obrigada, Geiza. É sempre uma honra atender aos seus convites. Muito obrigada pela presença de todos. Vou tentar dar continuidade às apresentações brilhantes já feitas aqui e falar um pouquinho do Green Rio.
O Green Rio é um evento que começou justamente em 2012, porque queríamos que ele tivesse a pegada, como disse a Marília, da Rio+20 e nascesse com esse DNA da sustentabilidade.
Como estamos com tempo limitado, vou dar um salto já para 2017.
O propósito desse encontro é para falar da relação bioeconomia-resíduos sólidos. Isso é importantíssimo porque, como vocês estão vendo, atualmente, as cidades estão gerando 1,3 bilhão de toneladas de resíduos sólidos por ano, e esse volume deve dobrar até 2025. É muito resíduo sólido. Temos que ficar atentos porque não vai ter lugar para botar tanto resíduo sólido.
De acordo com a ONU e o Banco Mundial, os custos para a gestão desses resíduos passarão de 205bilhões ao ano para 375bilhões. Ou seja, vai afetar expressivamente os países mais pobres.
Os resíduos sólidos, além de tudo o que já dito aqui, se não coletados, causam inundações, poluições, afetando a saúde pública. E qual é o nosso desafio a bioeconomia? É transformar esse passivo ambiental num benefício, e esse é o grande desafio que estamos enfrentando.
A definição de bioeconomia já foi dada brilhantemente aqui pela Marília. Ela pegou justamente a definição da OCDE, que, embora seja o final da minha apresentação, é transversal.
Adiantando um pouco o final, no dia 26 de novembro faremos um seminário na OCDE voltado para bioeconomia do Brasil com foco, especificamente, em agricultura familiar e pequena e média empresas.
Geiza, eu gostaria de levar este evento para ser apresentado lá.
De acordo com a OCDE a bioeconomia já movimenta dois trilhões de euros, um dado que ainda precisa ser atualizado, gerando 22 milhões de empregos.
Eu sempre insisto que, qualquer iniciativa que façamos, temos que pensar em geração de emprego e renda, o que, efetivamente, estamos precisando.
Eu disse que ia dar um salto porque, a partir de 2017, trouxemos para o Rio o primeiro German-Brazilian Bioeconomy Workshop. Isso foi uma conquista disputada com outras cidades. A ideia era que ficasse somente em 2017 no Rio, inclusive representantes de outras cidades disseram: “Aproveita porque ano que vem não haverá de novo esse evento aqui”. Mas houve em 2018 e em 2019.
O bacana dessa sequência é que tivemos presentes as três Embrapas do Rio, aqui muito bem representadas; Sylvia Wachsner também estava presente e Geiza sempre presente... Estavam vários. Se eu for citar GR Agrária, temos tantas pessoas aqui que fizeram do Green Rio essa conquista.
Gostaria de destacar que em 2017 foi iniciada uma conversa entre Brasil e Alemanha e em 2019 foram assinados termos de cooperação dentro do Green Rio entre Embrapa, com o Finep.
Por que estou dando essa volta toda, o que tem a ver com a questão de resíduos? É que o os três termos, de alguma maneira, refletem na questão da sustentabilidade dos resíduos, na questão da biomassa. Esse é um potencial estupendo que o Estado do Rio tem que trabalhar e temos que colocar justamente o Fórum liderando essa oportunidade de cooperação assinada e reconhecida no Estado do Rio de Janeiro.
Quanto à questão da geração de energia, a partir de resíduos de saneamento, está sendo muito estudado pelo PNUD e pelo Ministério do Meio Ambiente, a composição de consórcios entre pequenos municípios. São clusters, que considero uma saída no que tenho aprendido que o Estado do Rio de Janeiro deve trabalhar: aproveitar os arranjos locais, os arranjos regionais e otimizá-los em todos os segmentos da bioeconomia.
Na questão do biogás, por exemplo, que tem um potencial para atender 36% da demanda elétrica brasileira, é justamente produzido na degradação da parte mecânica. Ele pode ser canalizado. Já existem vários exemplos, inclusive eu trouxe um exemplo apresentado no Green Rio, que foi justamente Itaipu, que está fazendo um trabalho muito interessante na Unidade CIbiogás, que eles apresentaram aqui, fazendo a questão do cluster. Eles pegaram municípios da Bacia do Paraná III e foram criando arranjos produtivos, vendo de que maneira esses arranjos se transformam em economia para aqueles municípios envolvidos. Eles aproveitam tudo, inclusive os resíduos de restaurantes, para que transformem isso em energia.
Quero também aproveitar, trazendo exemplos concretos do Green Rio nesse segmento. O Sesc e o Mesa Brasil, que é reconhecido como o maior banco de alimentos da América Latina, tem a preocupação com o desperdício de alimento - outra vergonha que não podemos permitir. Não é nem uma questão econômica, é uma questão ética. Você não pode desperdiçar alimento.
Temos muito orgulho de promover esse trabalho porque recolhem produtos que, efetivamente, seriam descartados ou não poderiam mais ser aceitos em supermercados e distribuem para instituições, hospitais e creches.
É um trabalho muito bonito, mas que eles agora estão enriquecendo mais com o Mesa no Campo. Aí também entra a questão dos resíduos que iremos apresentar no Green Rio 2020: de que maneira esses resíduos do campo são aproveitados não só para serem alimentos – em merendas, em hospitais – mas também em compostagem. Essa é uma inovação que nós vamos apresentar no Green Rio 2020 e é mais uma oportunidade de gerar emprego e renda para o Estado do Rio de Janeiro.
Voltando aos resultados do Green Rio, ele já foi, felizmente – vou bater na madeira aqui –, reconhecido como uma plataforma internacional de bioeconomia, inclusive pelo próprio embaixador da Alemanha, por conta dessa aproximação que estamos fazendo. No Green Rio 2019, em maio, o Secretário Schwanke lançou o primeiro programa de bioeconomia com recorte para agricultura familiar e cooperativismo.
Essa é outra oportunidade para o Estado do Rio de Janeiro, trabalhar as cooperativas fazendo novamente arranjos em que a agricultura e a gestão de resíduos trabalhem juntas – é um exemplo que vamos promover, para ver se conseguimos trazê-lo da França para o Rio de Janeiro, para ser apresentado aqui, já que é um case. O maior case de cluster que junta energia e agricultura fica na cidade de Hans. Estamos justamente fazendo uma aproximação com eles para ver se eles o trazem para cá, para o Estado do Rio de Janeiro, para mostrar como funciona esse cluster.
No ano passado, nós fizemos uma mesa-redonda na OCDE, em que estavam várias dessas pessoas que estão sentadas nessa mesa – um é gestor de bioeconomia, o outro é gestor da relação urbano-rural. A partir dessa mesa-redonda, que foi bem-sucedida, nós conseguimos que, no dia 26 de novembro, seja realizado um evento de bioeconomia, agricultura familiar e cooperativismo – vai acontecer daqui a um mês. Nós vamos visitar, um dia antes, esse polo de bioeconomia que junta energia e agricultura, um formato perfeito para trazer para o Estado do Rio de Janeiro.
Isso aqui é um vídeo para quem não conhece o Green Rio, mas depois o mandamos para vocês. Concluo então a minha apresentação convidando cada um de vocês para estarem – reservem a data – lá de 1 a 3 de outubro de 2020. Parece que está longe, mas não está e temos que começar a trabalhar ontem para mostrar o que o Rio de Janeiro tem de melhor e o grande potencial que tem: uma referência em agricultura sustentável e energia.
Muito obrigada. Obrigada, Geiza. É uma honra estar aqui. Muito obrigada a cada um de vocês.
(Palmas)
A SRA. GEIZA ROCHA – Muito obrigada, Bia. Trouxe várias informações importantes e uma agenda até o ano que vem.
Agora, para fazer essa ponte, viajando da bioeconomia para a gestão de resíduos e para a Semana Lixo Zero, que é comemorada esta semana, chamo Edson Freitas, presidente da ONG Eccovida. Ele vai falar sobre “Semana Lixo Zero: Um por Todos e Todos por Zero”.
Há uns três anos, a Alerj sedia no Salão Nobre a abertura da Semana Lixo Zero e aqui no plenário sempre fazemos congressos e eventos para trazer cases e informações sobre como vários países estão lidando com essa temática.
O SR. EDSON FREITAS – Obrigado, Geiza, obrigado a todos. É um prazer estar aqui hoje falando um pouquinho da Semana Lixo Zero e da bioeconomia. Então vamos lá, nessa missão aqui, em dez minutos – é de bater recordes!
Passando ao conceito, lixo zero é uma meta ética, econômica, eficiente e visionária para guiar as pessoas a mudarem seus modos de vida de forma a incentivar os ciclos naturais sustentáveis, em que todos os materiais são projetados para permitir sua recuperação e uso pós-consumo.
A Semana Lixo Zero começou na sexta-feira, no dia 18, e vai até o dia 27, mas seu objetivo é incentivar a continuidade durante todo o ano. Um dos movimentos que vêm acontecendo neste ano de 2019, já está em 104 cidades.
No Rio de Janeiro temos mais de 50 municípios participando, mais vem crescendo cada dia mais e as pessoas se envolvendo mais nessa questão.
Em Saquarema lançamos a abertura da Semana Lixo Zero. São várias ações que aconteceram em Campo Grande, Mato Grosso, Cuiabá, Guarulhos e em uma cidade de Minas.
Aqui, estamos nos mobilizando por intermédio de escolas: Colégio Lixo Zero, um trabalho de conscientização.
Eu defendo que lixo não existe, nós é que transformamos, a nossa atitude é que cria o lixo. Temos levado um pouquinho dessa consciência às pessoas sobre essa mudança de hábito.
Na minha casa, hoje, já conseguimos chegar a 90%: 10% são rejeitos. Estamos trabalhando em cima disso. É uma meta audaciosa, mas tenho certeza que é possível. Falo isso por estar praticando e vivendo essa experiência.
Temos mobilizado todo mundo nas escolas. As pessoas se engajam, principalmente as crianças.
Como combater essa questão do desperdício? Temos vários exemplos e um deles estamos ouvindo aqui nessas palestras, falando sobre essa bioeconomia, o que é muito importante nessa mudança de hábito das pessoas.
Faço muito essa pergunta para as pessoas: qual o valor do lixo? Normalmente eu dou um saco transparente para as pessoas para elas fazerem essa experiência. Mas eu falo muito que o lixo, quando reciclado, gera emprego e renda e preserva o meio ambiente, mas quando ele vai para o lixão, aterros, gera despesa e poluição.
Em que lado você está? Será que você pratica esse ato de cidadania em dar a destinação adequada?
Uma das questões que temos encontrado nesse período de quase 20 anos à frente desse trabalho, é a da padronização. Conseguimos aprovar uma lei aqui para as embalagens se padronizarem para não inviabilizar a reciclagem. Apesar de elas serem recicláveis, muitas delas não conseguimos reciclar devido a sua padronização; um exemplo é aquela muito famosa, a retornável da Coca-Cola. Agora, sim, ela está com uma atitude de ser reaproveitada, mas ainda tem um problemazinho nela. O exemplo dela aqui é que ela silkada, era inviável a sua reciclabilidade. Então, ela é retornável, mas não era reciclável; não era uma embalagem sustentável. E existem outras que, devido a cores...
Na época em que essa Lei foi aprovada, o problema no final do ano era as pets metalizadas, douradas, que não tínhamos como dar destinação a essas embalagens. Há coisas que parecem legais, mas não são sustentáveis.
Aqui se falou de compostagem. Hoje, existe tecnologia para isso. Essa tecnologia de compostagem acelerada, em uma hora eu transformo o resto de comida em adubo orgânico. Já praticamos isso também. Essa área era abandonada e hoje ela é útil. Uma horta que criamos dentro do nosso estabelecimento com a reciclagem do orgânico que fazemos a coleta.
A reciclagem do óleo vegetal para biodiesel. Utilizamos essa reciclagem para fazer biodiesel.
A reciclagem do plástico, no modo geral. O Rio de Janeiro é altamente sustentável no plástico mas, devido a sua informalidade, aqui se gera plástico mas não se tem os números da reciclabilidade dos plásticos em nosso Estado, mas certamente reciclamos, talvez mais de 50% do que produzimos no Estado do Rio de Janeiro.
Faço uma pergunta a vocês: alguém aqui joga dinheiro fora? Só para se ter uma ideia, para um quilo de plástico reciclável, aqui está o catador, é uma cadeia produtiva, o catador comercializa de R$1,00 a R1,50.
Se ele levar para uma cooperativa ou para um depósito de reciclagem, vai separar por cor e prensar e vai vender por R$2,20. A empresa beneficiadora vai triturar, vai fazer a seleção e vai vender por R$4,20. É um ganha-ganha legal. Estou falando em quilo.
Depois de beneficiado, ele manda para uma indústria, que vai fazer resina, que será vendia por R$7. Depois, dando continuidade ao ciclo fechado da sustentabilidade das embalagens de PET, vai para a indústria de transformação, que transforma em embalagem outra vez e volta ao seu ciclo normal. Aí, o custo varia de R$10 a R$12.
Hoje, em média, os municípios gastam R$400,00 para aterrar essas embalagens. Quer dizer, paga-se R$400,00 para aterrar R$10mil, valor da tonelada do PET no final da sua cadeia.
Esse é um número do desperdício que eu uso muito.
Nos anos de 2010, 11, 12 e 13, o governo pagou, durante quatro anos, R$125 milhões para aterrar R$1,5 bi em matéria-prima que falta na indústria da reciclagem, e essa matéria-prima é explorada do meio ambiente outra vez.
Qual o caminho que se está sendo usado? Qual a melhor tecnologia? Qual a melhor bioeconomia para nossas ações?
Hoje, reciclamos 3% em todo o Brasil e movimentamos cerca de R$10 bi. Imaginem se reciclarmos 30% a mais. Hoje, no Brasil, perdemos R$120 milhões por não reciclar.
Está vindo a tecnologia de incineração. Não vamos aterrar, mas vamos incinerar matéria-prima, principalmente de fonte não renovável.
A cadeia do vidro. O vidro é um material 100% reciclável, mas o maior problema é que são pagos em média R$400,00 para aterrar, mas, na cadeia produtiva, o catador vende isso por R$0,05 a R$0,10. Se beneficiar direto para a indústria, segregando e fazendo uma separação mais adequada, é em torno de R$180,00 a tonelada. Se usássemos pelo menos um terço desse investimento acrescido ao valor da venda, eu tenho certeza de que não haveria vidro nos aterros sanitários.
No caso do papelão, esse é um dos benefícios. Estou falando de benefícios que a bioeconomia traz com a reciclagem. Economiza 98 mil para uma tonelada de papel reciclado; economiza 98 mil litros de água; poupa 75% de energia elétrica; poupa cerca de 20 árvores; polui menos 74% do que é preciso para se fazer a matéria-prima virgem. Temos ou não que incentivar a reciclagem?
E aí estão os benefícios com essa bioeconomia: fabricam-se telhas com garrafa PET; madeira plástica – para fazer cadeira, banco, mesa, bueiro;
A geração de empregos é muito grande, principalmente no nosso Estado.
Esse é o arranjo da cadeia produtiva do Rio de Janeiro. Temos, num primeiro elo, cerca de 1.500 cooperativados formalmente – informalmente, temos um exército de mais de 300 mil pessoas catando materiais recicláveis. Onde eles comercializam? Eles vão a esses depósitos - muitos chamam de ferro-velho, outros de ecopontos -, que chegam a mais de seis mil no Estado. Por isso, somos campeões de reciclagem de latinhas, graças a essa cadeia produtiva da reciclagem, porque eles estão disponíveis para fazer essa bioeconomia funcionar, para dar destinação adequada. Por isso, queremos criar um banco de resíduos, com agências em que a gente possa dar destinação e ainda ter um benefício financeiro com isso.
O terceiro elo são as empresas de reciclagem que fazem beneficiamento.
O quarto elo são empresas de transformação e o que me deixa triste é que a maior parte nós temos que mandar para fora do nosso Estado, porque aqui não temos incentivo e as indústrias estão fora do Estado do Rio de Janeiro. Por fim, as 20 empresas que usam essa matéria-prima de reciclagem e precisamos estimular isso com o incentivo de políticas públicas. Uma sociedade mais sustentável depende de políticas públicas que venham a promover a sustentabilidade e para acontecer uma mudança de hábito é preciso antes criar opções adequadas para destinação correta das embalagens pós-consumo. Isso é uma luta e estamos tentando ir junto com o nosso poder público.
Muito obrigado. Desculpe-me por ter passado um pouco do tempo.
(Palmas)
A SRA. GEIZA ROCHA – Obrigada, Edson.
Passo a palavra para o Sr. Angelo Cesar Resende Ferreira, diretor da empresa AB Criação Mídias, para que fale sobre as tecnologias para a gestão de resíduos.
O SR. ANGELO CESAR RESENDE FERREIRA – Bom dia a todos!
Eu faço parte de um grupo de pessoas que estão envolvidas diretamente com o meio ambiente e se comprometem a desenvolver ações que venham a trazer resultados positivos para a nossa sociedade. Por meio do Creps, Centro de Referência em Estudos e Pesquisas Sustentáveis, me convidaram para desenvolver um trabalho para encontrar soluções inovadoras com relação à bioeconomia e à destinação dos resíduos sólidos.
O tratamento do descarte do lixo é um problema global, pertencente a todas as nações, governos e indivíduos, tão importante quanto saúde pública, segurança, moradia e economia. O meu envolvimento no setor, junto ao setor da cadeia produtiva da reciclagem, começa com a Arerj, na qual atuei como publicitário e em marketing. Fui fundador do Sindieco, um sindicato voltado para setores de ecologia; fiz parte da Frente Parlamentar em Brasília; já trabalhei junto com Edson na ONG Eccovida; e hoje atuo no Creps como voluntário na fomentação de pesquisas para bioeconomia e geração de resíduos.
Isso aqui é muito interessante. Todo mundo fala: vamos jogar o lixo fora. Não existe jogar fora; não há lixeira atribuída ao nosso planeta dentro do universo. Não existe jogar fora, e sim descartar, enterrar e queimar. Não existe jogar fora, mas existe poluir, depredar e contaminar. Não existe jogar fora, mas existe desperdiçar, esbanjar e consumir.
Quando se pensa em bioeconomia associa-se automaticamente ao desenvolvimento da humanidade e seu relacionamento direto com os desafios sociais, meios de convivência, qualidade do ambiente no qual estamos inseridos, crises econômicas e financeiras, mudanças climáticas, recursos renováveis, alimentação segura e com qualidade e saúde com qualidade de vida. Apresentar soluções coerentes, eficazes e concretas vem se tornando cada vez mais um desafio complexo. Por outro lado, o acesso a determinada tecnologia, fomentando meios de encontrarmos agentes facilitadores que viabilizem o sucesso das soluções, por meio de pesquisas em diversos setores que transformam conhecimento e aproximam novas tecnologias em inovação social e industrial.
Como já foi dito antes pela Sra. Maria Beatriz, dois trilhões de euros, de acordo com a OCDE, são gerados, gerando em média 22 milhões de empregos. A bioeconomia hoje é uma realidade, é realmente uma alternativa para a saída de crises financeiras. Um belo exemplo disso está na própria Alemanha, que, com 82 milhões de habitantes, tem na reciclagem a quarta geração de renda do país, apenas com tratamento adequado dos resíduos sólidos.
Hoje, aqui no Brasil, nós geramos em torno em 80 milhões de toneladas de rejeitos e reciclamos apenas 3% disso. A economia brasileira perde, em média, aproximadamente, 120 bilhões em produtos que poderiam ser reciclados. Imaginem se reciclarmos os 97%. Pensemos nos problemas que encontramos, principalmente no setor de geração de resíduo e destinação dos resíduos sólidos: falta de políticas públicas e eficazes voltadas para o setor da reciclagem, falta de incentivos governamentais e públicos, falta de incentivos fiscais. Hoje nós somos bitributados, politributados e a maior parte disso vem da falta também do compromisso social, com uma ausência participativa da sociedade.
Hoje há em média 25 mil catadores ilegais, informalizados, trabalhando aqui, com mais de dois mil estabelecimentos informais operando no Rio. A geração de resíduo é em média de um quilo por pessoa. Hoje somos em torno de 17,2 milhões habitantes, o que gera 17.200 toneladas por dia aqui no Rio. Quarenta por cento dessas 516 mil toneladas por mês são recicláveis, o que corresponde a 206.400 toneladas de matéria-prima recicláveis por mês.
Peço para você dar uma acelerada porque quero apresentar uma solução que está mais à frente.
Um catador produz, em média, em torno de três quilos de metal, quatro quilos de papelão, 12 quilos de plástico, dois quilos de vidro e dois litros de óleo por dia. Ele contribui com 94,1 kW de energia e poupa 24 árvores, 404 litros de água, 54 quilos de areia, 15 quilos de minério e quatro quilos de papelão, reduzindo a poluição do ar em 296%, a da água em 140%, comparada com a produção de papel virgem. Dois quilos de vidro reduzem a poluição em 40% e da água em 100%, comparada a produção de papel virgem. Três quilos de metal reduzem a poluição do ar em 255% e da água em 228%, comparada com a produção de metal. Dois litros de óleo deixaram de contaminar 50 mil litros de água e contribuem para manter 0,16 empregos por dia. Ele poupa 126 m3 de volume de aterro sanitário e poupa para os cofres públicos 80% de locação do espaço para aterro sanitário.
Junto ao Creps foi desenvolvido um projeto, uma ferramenta. Essa ferramenta visa a suprir a carência na destinação de resíduos. Para essa carência nós encontramos uma solução por meio de agências que recebam esse resíduo para lhe dar destinação de forma correta. Nessas agências nós temos uma moeda social que contribui para que a economia se fortaleça por meio do aquecimento da economia local, fazendo com que o catador, ou o cidadão, consiga destinar o seu resíduo e receber automaticamente isso em forma de moeda, dinheiro, agilizando também esse processo. Nós temos um app que faz o gerenciamento dessa gestão financeira e a gestão dos resíduos também, fazendo convites ou até mesmo tendo uma agenda, disparando alertas para que o catador possa destinar o seu resíduo e ir à residência dos cidadãos.
Pode passar, por favor.
Essas agências foram criadas com uma beneficiadora central, a número 2: agência de loja física, a 3: agência correspondente, que são containers marítimos, as mais fáceis de serem aplicadas; PEV de coleta, do tipo caçamba; e PEV de coleta voluntária colocados em escolas.
A capacidade de processamento e destinação por dia de cada agência dessa é de seis toneladas, gerando de quatro a sete empregos e 15 vagas para empregos indiretos.
Acabou meu tempo. Em dez minutos não dá para fazer uma defesa precisa do que a gente tem que apresentar. Muito obrigado. (Palmas)
A SRA. GEIZA ROCHA – Obrigada, Angelo.
Convido para falar sobre preservação e revitalização ambiental, o Sr. Sérgio Cantalista, coordenador administrativo da GR Agrária.
Já estão me perguntando sobre as perguntas. Como estamos com o tempo muito restrito hoje e eu tenho que devolver o plenário, quem quiser fazer perguntas pode fazer na ficha. Eu peço que deixe o contato de e-mail. Vamos encaminhar as perguntas para os palestrantes, recolher respostas e mandar para vocês. Vocês não vão ficar sem respostas; só vai demorar um pouquinho, vai haver um pequeno delay.
O SR. SÉRGIO CANTALISTA – Muito bom dia a todos. Vou falar um pouco de caso de sucesso do Grupo Grande Rio. Não vou poder falar do grupo todo, porque são muitas atividades. Porém, vou focar aqui na GR Agrária, de produção do fertilizante orgânico certificado.
Esta é a foto panorâmica da nossa unidade, em Campos dos Goytacazes, onde acontece todo o processo. Na frente, vemos o local onde acontece o processo de compostagem; nos fundos, temos um pomar de manga e graviola.
A GR Agrária é uma empresa que pertence ao Grupo Grande Rio, mais conhecido como Grupo GR, que investe em projetos, investe em soluções ambientais. Nossas atividades são na área de reciclagem animal e vegetal.
Nós coletamos osso e sebo bovino em todo o Estado do Rio de Janeiro, que são um problema, se descartados no ambiente. Nós processamos em média de 300 a 350 toneladas por dia desse subproduto com uma tecnologia de ponta. Processamos o osso, com o qual fazemos, na nossa unidade em Nova Iguaçu, a farinha, que dá origem à ração animal, e o sebo para as indústrias saboeiras ou biodiesel.
Outra atividade que temos no grupo é a reciclagem de madeira. Coletamos sobras de madeira da construção civil em grande escala, processamos fazendo a biomassa, que alimenta a nossa caldeira, movida à biomassa, que está também em Nova Iguaçu, e também vendemos para outras empresas que utilizam essa biomassa, que é um combustível sustentável.
Ainda nos segmentos de reciclagem, nós temos a coleta, o processamento e fazemos o produto final do óleo de cozinha usado, em Nova Iguaçu. Em Campos dos Goytacazes temos a nossa usina de compostagem, onde fazemos esse composto orgânico.
O grupo está desde 1972 no mercado.
Imaginem que, em 1972, em Estocolmo, quando começa a se a falar em desenvolvimento sustentável, nós já atuávamos com esse conceito, coletando osso e sebo bovino, ou seja, dando solução para os resíduos, atendendo às nossas necessidades sem comprometer as necessidades das futuras gerações. Em 1972 o grupo começou e fomos então expandindo os negócios nessa área de reciclagem.
Basicamente falando sobre resíduo florestal, urbanístico, pecuário, resto de frutas, legumes e verduras, nós desenvolvemos uma tecnologia para fazer adubo orgânico. Vejamos o nosso produto. Segundo o mapa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para se considerar orgânico, o processo produtivo deve contemplar o uso responsável do solo, da água e do ar e os demais recursos naturais, respeitando as relações sociais e culturais. Ou seja, precisamos estar inseridos e fortalecendo a questão do desenvolvimento sustentável. Volto a dizer, o tripé do desenvolvimento sustentável é: social, econômico e ambiental. O mapa diz isso para nós: se eu quero um produto orgânico, preciso estar inserido nesse contexto.
Falando do nosso composto, um fertilizante orgânico é o que vai manter a saúde do nosso solo, então, ele contribui para o crescimento vigoroso das plantas, seu uso aumenta a capacidade do solo de se regenerar e fornecer os nutrientes necessários a cada tipo de planta e contém nutrientes estabilizados, aminoácidos e húmus. Além disso, quando depositado no solo, ele procura desagregar as partículas do solo, ou seja, ele faz uma aeração no solo e ainda faz com que toda a água que é depositada no solo, em vez de rapidamente se dispersar, seja mantida, promovendo a umidade do solo, fazendo com que as plantas estejam sempre mais nutridas, sempre mais regadas.
Sangue e conteúdo ruminal do boi são um problema sério. Como eu disse, nós coletamos osso e sebo e muitas vezes matadouros e frigoríficos têm dificuldade para descarte desse resíduo, que é altamente poluidor se descartado no ambiente. Então, nós desenvolvemos uma tecnologia, utilizando o sangue e o conteúdo ruminal do boi adicionados às podas de árvores da cidade, ou seja, maravalhas. Coletamos podas de árvores, as trituramos e fazemos a maravalha, para enriquecer o sangue e o rúmen do boi. Imaginem que, de 2014 a 2019, 1,5 milhão de litro de sangue foram utilizados nesse processo de compostagem e 300 mil quilos do conteúdo ruminal do boi, que é rico em bactéria que ajuda a acelerar o processo de decomposição da maravalha, foram utilizados nesse processo.
Como eu já disse, o nosso produto ajuda a desagregar as partículas minerais, colaborando para a descompactação do solo. Quando depositado no solo, ele vai ajudar a descompactá-lo, favorecendo assim maior aeração, e com isso as plantas conseguem se desenvolver muito melhor. Da capacidade de absorção de água eu já falei: absorve água e a vai liberando para as plantas.
Há o mito que diz: a agroecologia é menos produtiva que a agricultura convencional. Sabemos que na agroecologia, automaticamente, se lidamos com o solo de forma responsável, cuidando dele, utilizando fertilizantes que têm tudo a ver com ele, o favorecemos cada vez mais, diferentemente de quando são depositados agrotóxicos e produtos químicos, quando vamos eliminando os nutrientes do solo. A agroecologia, com toda certeza, é algo que só tem a agregar à nossa saúde e à saúde do solo.
Aqui, quem utiliza o nosso composto? Temos hortos, paisagistas e horas caseiras domiciliar. Temos ainda feiras orgânicas, pequenos produtores orgânicos. Então, esse é o nosso público e precisamos fazer com que possam, cada vez mais, gerar produtos responsáveis e que façam bem a nossa saúde.
Aí a certificação do IBD, um dos nossos diferenciais também, um produto certificado, para que tenhamos um produto orgânico. É necessário que seja certificado para termos a certeza de que o produto é orgânico.
Alguns casos que temos: agregados a esse trabalho, temos também um trabalho de educação ambiental, fomentando nas pessoas o desejo de, cada vez mais, preservar o ambiente e produzir, de forma responsável. Vamos numas escolas, no bairro Engenho do Mato, CIEP 448, em Niterói e fornecemos o produto.
Lá em cima, na primeira foto, temos a diretora da escola. Como eu disse também, coletamos o óleo de cozinha usado, então, eles fizeram campanhas para os alunos levarem o óleo para a escola e deixamos, além de produtos de limpeza, também o composto orgânico. Na horta, damos o auxílio para que os alunos possam, mais e mais, se interessarem por essa cultura.
No curso de compostagem, em Campo dos Goytacazes, em parceria com as escolas, inserimos os alunos, os jovens a se movimentarem, a mexerem com o solo.
Um dia de campo. Lá na ponta, vou comprar um produto. O que faço? Lá, também, estou aplicando educação ambiental com personagens lúdicos.
Aqui, deixo o contato do nosso engenheiro agrônomo. É só entrar em contato conosco que teremos o prazer em recebê-lo e o convite para nos visitar. A hora que quiserem, estaremos prontos e abertos para receber a todos em nossa usina de compostagem.
Muito obrigado. (Palmas)
A SRA. PRESIDENTE (Geiza Rocha) – Obrigada, Sérgio.
Para falar sobre Desenvolvimento de Insumos Biológicos para a Agricultura, convido a Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agrobiologia, Maria Elizabeth Correia.
A SRA. MARIA ELIZABETH CORREIA – Bom dia a todos! Eu gostaria de cumprimentar a Geiza e o público. De gradecer bastante o convite do Fórum, para compartilhar um pouquinho a experiência da Embrapa Agrobiologia, na bioeconomia.
De 40 anos para cá, o Brasil passou da situação de importador de alimentos, para um dos maiores exportadores de todo o mundo. Hoje, temos essa percepção. Sabemos que o agronegócio, de forma geral, não considerando apenas os grandes, mantém uma estabilidade econômica e garante um retorno econômico para todo o Brasil.
Para que tenhamos esse nível de produção de vários produtos agrícolas, de várias cadeias, é fundamental termos insumos, fertilizantes para que suportem essa produção agrícola. Em geral, quando falamos em fertilizante, pensamos em fertilizantes químicos. Aqui está um panorama do que seria o mercado de fertilizante no Brasil, como tem crescido, mas quero destacar, particularmente, o nitrogênio, que é um elemento crítico.
Como é fabricado esse fertilizante nitrogenado? Em geral, a grande reserva de nitrogênio no planeta está na atmosfera. A indústria capta esse gás nitrogênio, aplica pressão e alta temperatura, com queima de combustível fóssil, e gera, então, amônia, que é o fertilizante, com liberação de CO2, que é um gás de efeito estufa.
Esse mesmo processo pode ser feito por organismos. Existe um grupo de bactérias, que vive no solo e nas plantas, que faz essencialmente a mesma coisa, sem a queima de combustível fóssil. Essas bactérias captam nitrogênio do ar. O grande motor dessa transformação é a fotossíntese das plantas, e ele gera também produto passível de assimilação pelas plantas, fazendo as culturas crescerem. A gente chama esse processo de fixação biológica de nitrogênio.
As bactérias se associam às plantas de diferentes maneiras. No caso, por exemplo, da soja, do feijão, da ervilha, elas formam umas bolinhas nas raízes; no caso de outras plantas, como a cana, o milho e o arroz, elas estão em toda a planta. Elas captam esse nitrogênio e transformam num adubo que está dentro da planta.
Para vocês terem uma ideia, para a cultura da soja, a gente tem quatro bactérias que fazem todo esse serviço de aportar nitrogênio para que a soja seja o que é para o Brasil. Uma delas, a BR29W, saiu diretamente do solo de Seropédica e hoje é uma das quatro bactérias que compõem os inoculantes para a soja. O que é inoculante? É um produto formulado que contém essa bactéria e é aplicado na semente.
Como resultado, hoje, no Brasil, anualmente, são economizados 12 bilhões de dólares por não se usar fertilizante químico nitrogenado. À soja não se adiciona qualquer fertilizante de nitrogênio - somente outros fertilizantes -, e a gente tem essa magnitude de economia. Talvez esse seja o maior caso de sucesso de bioeconomia no Brasil. E é um diferencial. A nossa soja é tão competitiva porque a gente tem essa magnitude de economia em fertilizante.
Mas será só a soja? Será que a gente não tem outras situações em que a gente pode utilizar também esses organismos para ter um benefício econômico? Trouxe um caso específico. Há outros, mas eu trouxe o caso do feijão-caupi, que é uma cultura bastante importante para a segurança alimentar no Nordeste. Essas bactérias são capazes de suprir todo o nitrogênio de que o feijão-caupi precisa para crescer. Mas e outras plantas? Ano passado foi lançado, em parceria com a Basf, um inoculante cujo benefício maior é na promoção do crescimento das raízes. O inoculante é aquele ali do meio. A cana de açúcar consegue produzir muitas raízes e consegue absorver melhor a água e nutrientes, tendo maior produtividade e uma planta mais sadia.
Mas não somente na área da agricultura. Esse mesmo benefício da simbiose, da parceria da bactéria e da planta, pode ser utilizado, por exemplo, para a recuperação de áreas altamente impactadas pela mineração. Essa é uma área de mineração de bauxita na Amazônia. Após a retirada e a lavagem desse minério naqueles tanques - parece uma paisagem lunar. Com três anos de reflorestamento a gente consegue, com essa tecnologia, ter uma floresta já em crescimento.
Todo mundo fica muito preocupado. No caso dos fertilizantes, haver uma alternativa biológica é interessante porque a gente deixa de emitir gases de efeito estufa e reduz poluição, mas muita gente está preocupada também com a questão dos agrotóxicos, dos pesticidas.
Existem alternativas biológicas para a gente lidar com esse problema de pragas e doenças na agricultura? A gente tem algumas alternativas no mercado de controle biológico. Eu trouxe aqui um caso bem recente, de uma pesquisa que a gente está fazendo, em que a gente utilizou uma bactéria que vive dentro da cana de açúcar naturalmente, que tem o potencial para controle de algumas doenças.
Trouxe aqui algumas doenças causadas por fungos e bactérias na cana de açúcar e no tomate.
O tomate é bastante problemático em termos de doenças fúngicas e se aplica muita pesticida. Achar uma alternativa biológica seria uma redução de impactos ambiental e de saúde muito importante.
Essa bactéria, Gluconacetobacter Diazotrófico, tem um nome grande, vive dentro da cana de açúcar, evoluiu junto com a cana de açúcar, e a partir do sequenciamento do genoma dessa bactéria, conseguimos desenvolver, por meio de biotecnologia, a produção de uma proteína que combate bactérias que causam doenças nas plantas.
Aqui é um exemplo. Testamos essa proteína, que veio da bactéria, em tomateiro, por exemplo, testamos em outros, mas só para exemplificar, aquela planta mais à esquerda tem uma doença, mas não recebeu a proteína; a do meio tem a doença e recebeu a proteína. A outra, o controle.
Vemos uma redução do nível de dano causado por essa doença nas plantas. Então, é uma alternativa de utilizarmos um produto derivado de um organismo, em vez de usar um produto químico, para controle dessa doença, que é a mancha bacteriana.
Como fazemos isso? Qual é a estratégia da Embrapa Agrobiologia para desenvolver esses produtos biológicos? Temos o Centro de Recursos Biológicos Johanna Döbereiner, em homenagem à cientista que meio que fundou a nossa unidade e ele é uma grande biblioteca de bactérias. Temos lá cinco mil diferentes tipos de bactérias e cinquenta isolados de fungos. Vamos estudando esses organismos, vendo o potencial de produção de produtos ou da aplicação direta deles, tanto fertilizantes biológicos, digamos assim, ou para controle de pragas e doenças. Desenvolvemos novos produtos inoculantes e também produzimos inoculantes para as culturas que, de alguma forma, a indústria não prioriza, não valoriza, e também apoiamos as indústrias no controle de qualidade inoculante.
Essa iniciativa recebeu bastante apoio da Finep, da Embrapa e da Faperj também, para poder se estabelecer. É uma conquista do Estado do Rio de Janeiro. Ela é uma coleção única no Brasil. Vemos aí um grande potencial de contribuir para a bioeconomia no Estado do Rio de Janeiro e no Brasil.
Encerro aqui. Caso não tenha ficado claro - porque dei uma pequena acelerada - estou disponível para perguntas. Essa é apenas uma das linhas de pesquisa. Temos outras e convidamos também para nos visitar em Seropédica.
Muito obrigada. (Palmas)
A SRA. PRESDIDENTE (Geiza Rocha) – Obrigada, Maria Elizabeth.
A Embrapa passou a fazer parte recentemente do Fórum Permanente de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio e esta parceria tem sido bastante importante para conhecermos mais e se aproximar desse tesouro que temos no Rio, com as três sedes que se complementam, e puderam já se apresentar no Projeto Casa Aberta, no início do primeiro semestre, nesta Casa.
É uma parceria que está só começando, provavelmente teremos mais encontros e mais palestras para conhecer um pouco desse trabalho, que tem uma extensão enorme.
Convido José Henrique Rabello Penido Monteiro, Coordenador do Escritório de Sustentabilidade da Comlurb para falar sobre “Agenda Sustentável da Comlurb e o Projeto de Biomecanização de Resíduos Orgânicos”.
O SR. JOSÉ HENRIQUE RABELLO PENIDO MONTEIRO – Bom dia a todos. Obrigado, Geiza, pelo convite.
Em nome do Presidente da Comlurb, agradeço a nossa presença aqui.
Eu gostaria de fazer uma exposição mais ampla, porque eu falaria sobre a Agenda de Sustentabilidade Ambiental da Comlurb. Como a Comlurb é uma empresa de todos nós, acredito que interessaria conhecer o que ela vem fazendo no sentido de aproveitamento e tratamento dos resíduos gerados por todos nós aqui. É um assunto que toca ao carioca diretamente.
A Comlurb é uma empresa de economia mista que pertence ao município do Rio de Janeiro e que, portanto, pertence a todos os cariocas.
Mas não vou ter tempo, infelizmente, para tanto, de modo que vou passar muito rapidamente nas iniciativas que nós temos tomado nesse sentido e vou me deter mais no Projeto de Biometanização de Resíduos Orgânicos que já está em operação no nosso EcoParque do Caju.
E aproveito já para deixar aqui um convite a todos que se interessarem por isso para visitar.
Aqui está com muita iluminação, está difícil de ver, mas basicamente o que nós temos em termos de ações de sustentabilidade.
Qual é o objetivo da Comlurb? É um objetivo muito difícil de ser alcançado.
Nós coletamos cerca de 6.500 toneladas de resíduos sólidos por dia. Nossa coleta porta a porta em toda a cidade.
Todos esses resíduos, literalmente, vão para um aterro que está localizado em Seropédica. Aliás, de Seropédica saiu uma bactéria tão importante e, infelizmente, agora todo o lixo do Rio de Janeiro está indo para Seropédica.
E isso é um contrassenso quando se fala em sustentabilidade.
Por que nós levamos todo o lixo que está a 80 km da sua fonte geradora? Portanto, gastando combustível fóssil nesse transporte, emitindo gases contaminantes para a atmosfera e enterrando esse material, o qual uma boa parte poderia ser aproveitada.
Então, a política da Comlurb, que está no plano estratégico do município, é reduzir paulatinamente a quantidade de resíduos que são mandados e envidados para aterros.
Hoje, o Rio de Janeiro tem apenas um aterro, que é o CTR Seropédica, que recebe de resíduos domiciliares em torno de 6.000 toneladas/dia, mas, considerando mais os resíduos da construção civil, de demolição de grandes geradores, chega a 10.000 toneladas/dia. Diariamente, são enterradas 10.000 toneladas/dia.
A Comlurb tem um serviço de coleta seletiva que atende, hoje, a 120 bairros da cidade, uma vez por semana, mas não tem uma colaboração muito eficaz e efetiva da população, de modo que fica muito aquém do que nós gostaríamos de estar coletando.
Ela distribui esses resíduos gratuitamente, evidentemente, há mais de 30 cooperativas espalhadas em todo o município que, de alguma forma, contribuem para a redução do lixo.
Mas é insignificante essa quantidade, são 2.000 toneladas/mês que nós coletamos de resíduos recicláveis, enquanto de resíduos domiciliares são 6.500 toneladas/dia.
Agora, o que se pode fazer? Esse seminário, Geiza, é extremamente oportuno: bioeconomia e a sua interface com o tratamento de resíduos. Por que isso? Porque 50% do resíduo que nós geramos em nossas casas são constituídos por materiais de origem orgânica e de rápida decomposição, que podem ser transformados num produto excepcional, que é o composto orgânico e também podem ajudar a gerar energia através do biogás.
Ora, é interessante a gente ver isso porque muito se fala em reciclagem de produtos de plástico, papel, papelão, vidro, metais, etc., e agora, felizmente, está surgindo a discussão em torno da fração orgânica do lixo. E isso é mais do que oportuno. E a Comlurb tomou a dianteira nesse processo. Eu estou na Comlurb há 42 anos, entrei para tratar de reciclagem e de compostagem, de modo que é uma coisa que é muito cara, especialmente a compostagem.
Em 78, nós já produzíamos composto orgânico no Município do Rio; nós desbravamos, naquele tempo, toda a citricultura, aqui no Estado do Rio era muito forte; vendemos muito composto orgânico para a citricultura.
Bom, eu vou ter que correr, porque já estão colocando um aviso aqui. Mas em suma: eu vou passar rapidamente.
Esse é o EcoParque do Caju.
Aqui nós temos uma unidade de biometanização que é o assunto mais importante para a gente tratar.
Essa unidade foi financiada pelo BNDES, e a Comlurb fez, junto com uma empresa de Minas Gerais, um Projeto de R$ 11 milhões para tratar de 50 toneladas/dia de resíduos orgânicos, predominantemente orgânicos, porque nós não temos um fornecimento de resíduos orgânicos puro.
Nós temos também uma unidade de beneficiamento em resíduos de poda, que é importante. Uma fração dessa unidade é usada como combustível de fóssil de cerâmica e a outra fração é misturada com a compostagem.
O que é a unidade de biometanização? São grandes túneis de cinco metros de altura, quatro metros de largura e 12 metros de profundidade que recebem o material predominantemente orgânico. Fecha-se uma porta, torna-se esse túnel hermético – nós temos sete túneis na unidade do Caju. Aqui vocês estão vendo um túnel. Uma pá mecânica enche com material orgânico até dois terços e o líquido que percola é recirculado, depois é inoculado. Para que tudo isso? Para se produzir o biogás que é aproveitado na geração de energia para a própria unidade e também para todas as outras instalações que nós temos no Caju.
Aqui são a produção, a carga, a aeração inicial e, depois, a aspersão do inóculo, que é o próprio chorume que é recirculado, a drenagem do lixiviado, a exaustão e a descarga. Aqui está a unidade. Fisicamente, é uma unidade bastante complexa. Ela é toda automatizada, tem uma quantidade muito grande de instrumentação porque estamos tratando com gás, tem um armazenamento de gás em cima dessa construção de concreto, onde estão os túneis e esse gás. Aqui estão os túneis, dá para ver bem como eles funcionam. Todo o processo é controlado por um sistema de computador.
É uma pena, tenho aqui um vídeo pequeno, mas não vai dar para passá-lo, sobre essa unidade, quando ela foi inaugurada. É um programa do André Trigueiro, mas, infelizmente, nós não vamos ter tempo para isso.
Temos um projeto de uma unidade de tratamento mecânico para aumentar em muito a quantidade de recicláveis que recuperamos. Nós já conseguimos a licença para instalação de uma unidade de recuperação energética também no Caju. Depois do aproveitamento dos recicláveis e do orgânico nós, então, geraríamos energia.
Uma novidade também importante são os caminhões totalmente elétricos utilizados na coleta do Rio de Janeiro. Isso é inédito na América Latina, são os primeiros caminhões elétricos. Já estamos com 18 caminhões circulando pela Cidade e evitando a emissão de contaminantes para a atmosfera – é um passo bastante ousado da Comlurb. Aqui está o caminhão para vocês verem que é uma realidade, esse caminhão é totalmente elétrico.
Há aproveitamento de resíduos da construção civil também, evitando o uso de materiais não renováveis, como pedra, areia, cimento etc. Todas as ações são planejadas para o futuro, em outras unidades, que resultam em redução de gases do efeito estufa para a atmosfera.
Eu lamento não poder me estender mais porque acho que são assuntos de interesse nosso. Todos esses projetos pertencem a nós, cariocas, e é importante que toda a população conheça o que está sendo feito, o que está sendo planejado e o que se pretende daqui para frente.
Muito obrigado.
(Palmas)
A SRA. GEIZA ROCHA – Obrigada a você, Penido. As apresentações vão ficar disponíveis no site do Fórum, no www.querodiscutiromeuestado.rj.gov.br, para que vocês possam acessá-las completamente – é o endereço que está nos banners do Fórum. Também enviamos, por e-mail, para todo mundo que preencheu a ficha ou passou o seu e-mail na entrada, uma newsletter contendo a matéria e todas as informações.
Passo a palavra – ele conseguiu chegar – para Guilhermo Pinheiro de Queiroz, fundador e CEO da Biosolvit Soluções e Biotecnologia, que vai falar sobre a utilização da biomassa descartada como solução para problemas ambientais. Seja bem-vindo!
O SR. GUILHERMO PINHEIRO DE QUEIROZ – Obrigado.
Bom dia a todos! Agradeço a oportunidade de estar aqui com vocês mostrando um pouquinho do trabalho que desenvolvemos.
É uma honra estar neste espaço e conversar com vocês todos.
Peço desculpas pelo meu atraso: peguei um acidente na Serra das Araras.
Muito obrigado.
A SRA. GEIZA ROCHA – Está na hora.
O SR. GUILHERMO PINHEIRO DE QUEIROZ – Só quem sabe o que é um acidente lá pode imaginar.
Vou contar um pouquinho do que é a nossa empresa; o que fazemos; como a gente utiliza biomassa para criar novos materiais. Já estou habituado a falar do meu negócio com bastante brevidade.
Vou falar da importância de ter um business plan; um olhar atento aos problemas que estão ao nosso redor - isso é fundamental, principalmente para uma startup - eas oportunidades que se enxerga olhando para o problema; os programas de apoio que nos trouxeram até aqui; o reconhecimento que a gente teve e o nosso pensamento global.
Vou falar um pouquinho de como as coisas começaram.
A Biosolvit nasceu para mim como um plano B. Sou empreendedor há alguns anos. Queria ter um negócio que preenchesse a minha vida no momento seguinte à saída da minha operação atual: sou executivo e franqueado a uma companhia de software chamada Totvs. Queria ter um plano B para onde eu fosse. Imaginava que, unindo forças e conhecimento com pessoas que já trabalhavam no segmento em que eu queria entrar, podia dar certo. Que segmento era esse? Queria montar uma fábrica de palmito em conserva. Por quê? Meu pai trabalhou 35 anos vendendo palmito para os restaurantes principalmente do Rio de Janeiro. Trabalhava numa fábrica de palmito chamada Beira Rio. Quem tem um pouquinho mais de idade aqui em algum momento comeu palmito Beira Rio num restaurante no Rio de Janeiro, com certeza, porque a marca era líder de mercado.
Quando percebi que ali tinha uma oportunidade resolvi comprar essa empresa. Comprei o que sobrou da antiga fábrica, que foi à falência alguns anos atrás. Então, comprei o terreno do banco; comprei a marca. Resolvi, com união de forças e, principalmente, com o conhecimento das pessoas acerca daquilo, montar uma fábrica de palmito.
E aí o que percebi? Fazendo o plano de negócios, percebi que o palmito em conserva não era tão bom como já tinha sido há alguns anos. Percebi que era uma briga enorme por preço sem marca. Se eu perguntar a vocês aqui quantos de vocês são fiéis à marca do palmito em conserva que vocês compram para casam tenho certeza de que nenhum de vocês tem fidelidade com a marca de palmito que consome. Então, o negócio representa infidelidade e uma briga enorme por preço. Aí, decidi que talvez aquele negócio não fosse o melhor para investir.
Quando fui a campo – por isso coloco a importância de ir a campo – para entender um pouquinho do negócio, percebi que só 3% de uma palmeira é utilizado para fazer o palmito; os outros 97% são jogados fora. Achei aquilo um absurdo. Não tinha noção do tamanho do desperdício: você tem que cultivar uma árvore por dois anos e meio, no mínimo, para matar a árvore e retirar 3% dela. Achei aquilo um absurdo.
Resolvi pesquisar outras formas de utilização para aquela biomassa. Aí fomos buscar universidades para entender que esforço seria necessário para industrializar aquela biomassa; como tínhamos que criar esse modelo de negócio. Aí nasceu o embrião do que hoje é a Biosolvit.
O que somos no sentido literal e, depois, no sentido figurado? No sentido liberal: somos uma empresa de biotecnologia aplicada. Desenvolvemos novos materiais a partir de biomassa descartada: aquilo que a indústria do suco não quer, a indústria do palmito não quer, a indústria sucroalcooleira, da cana de açúcar, não quer nós queremos. A gente utiliza essa biomassa para desenvolver novos materiais em laboratório. Como a gente faz isso? Em parceria com centros de pesquisa contratando pesquisadores em universidades ou centros de pesquisa para trabalharem junto conosco.
No sentido figurado: somos uma construtora, porque construímos ponte entre pesquisadores e o mercado. A gente viabiliza para pesquisadores que muito provavelmente iriam ver seus trabalhos morrerem dentro da biblioteca das universidades o acesso ao mercado.
Então, a Biosolvit é uma grande plataforma de conectividade para inovação aberta, para criação de novos materiais, sempre com a premissa de utilizar aquilo que alguém não quer. Está bom?
Dentre as nossas percepções, nós chegamos à conclusão de que: o mundo gera toneladas de biomassa e descarta essa biomassa porque, simplesmente, não sabe o que fazer com ela. E aí, olhando esse problema nasceu o modelo de negócios da Biosolvit. O que a gente faz hoje? A gente cultiva as palmeiras dentro de um negócio do nosso grupo, a gente planta, a gente tem mudas, a gente fornece mudas, depois que isso cresce, nós transformamos isso numa produção diária de quase seis mil potes de palmito, é o que nós já produzimos hoje, e depois dessa produção, nós separamos essa biomassa em duas linhas de produtos chamadas biogreen e bioglow.
A nossa marca de palmito em conserva, hoje, se chama Natupalm, em alguns lugares, vocês já podem encontrar. A nossa marca para produtos de preservação da flora se chama biogreen, e a nossa marca para produtos de preservação das águas se chama bioglow.
A bioglow se tornou muito notória nesses últimos dias com a divulgação de um vídeo que eu fiz, deve ter chegado no whatsapp de vocês, colocando a nossa empresa à disposição para ajudar nos acidentes de derramamento que aconteceram no Nordeste. Eu conto a história, no final.
Então, hoje, nós produzimos vasos de plantas ecológicos, substratos, terra vegetal, absorvedores sintéticos, absorvedores naturais, absorvedores orgânicos, quites para portos, aeroportos, rodovias, oficinas mecânicas, etc.
Um pouquinho do vídeo que circulou na internet falando do nosso produto. Acho que quase todo mundo viu, quer dizer, quase todo mundo é pretensão, mas muita gente viu. Esse é um acidente com derramamento com petróleo simulado num tanque. A gente tem dois tanques com a mesma quantidade de água e a mesma quantidade de óleo. No tanque da esquerda, a gente usa o poliuretano, um produto largamente utilizado no mundo, talvez o mais utilizado, no tanque da direita a gente usa o nosso produto para fazer a remediação. Um quilo de PU absorve 12 quilos de petróleo em 30 minutos. Um quilo do nosso produto absorve até 22 quilos de petróleo em 15 minutos. O nosso produto é natural, feito a partir de material descartado, e o mais importante, além de ser considerado tecnologia mais eficiente do mundo para esse fim, é o único produto que remedia e devolve o óleo para a refinaria. Então, a gente pode reaproveitar o óleo.
Explicando para vocês o que aconteceu no Nordeste. Eu fui para lá, um dos motivos de estar atrasado, também é esse, porque eu cheguei numa correria louca, mas nós fomos para lá para avaliar o que estava acontecendo e para tentar ajudar com uma startup, com muita humildade, mas também com muita ousadia. E o que acontece naquele incidente, é que ele é um acidente, por incrível que pareça, mais fácil de remediar do que esse.
Um acidente com petróleo líquido é muito mais difícil de ser remediado, porque você precisa aglutinar o petróleo, você precisa absorvê-lo de alguma maneira, e para isso serve o absorvedor. O acidente que está nas nossas praias, é um acidente com petróleo quase sólido. É uma borra, um coágulo, um piche. Então, o petróleo já está aglutinado, ele não precisa ser absorvido. Ele pode ser mecanicamente recolhido. O desafio lá é mecânico. Não é um desafio de absorção.
Então, nós nos colocamos à disposição, mas, infelizmente, nós não vamos ser úteis nessa linha. Nós podemos ser úteis com barreiras de contenção, etc. etc.
Um pouco do nosso time: eu sou fundador e CEO, eu venho da Totus, o Wagner é o cara que, quando aluno, desenvolveu o absorvedor de petróleo, Giuseppe, nosso diretor de mercado internacional, Rabib, o líder de pesquisa e desenvolvimento e o Fantini o nosso fornecedor de matéria-prima e proprietário da Natupalm.
A gente vem de algumas das principais universidades do País, participamos de alguns programas, nascemos aqui dentro do Sebrae no Rio de Janeiro, com o Pro-interbiotec da Mirian Ferraz, passamos pelo Nova Ativa, pelo Connecta que nos levou até São Francisco, na California, onde a gente foi acelerado pela Plug and Play, o maior acelerador de negócio no mundo, que acelerou o Google, o Paypal, Dropbox, e a gente fez um programa de aceleração lá, também.
Nós ganhamos alguns prêmios ao longo dessa trajetória. Nós vencemos o Atlantic Words que é uma competição Brasil/Portugal. Vencemos o Latin/América, somos top five no ranking da CEO startups, vencemos o desafio da NTT, vencemos a categoria sustentabilidade do grand prix de inovação, uma empresa carioca, vencemos um prêmio em Paris, vencemos o grand prix de inovação de Viena, e fomos considerados o prêmio ápice da nossa trajetória, umas das 12 melhores startups do mundo na Startup World Cup, uma competição que une 33 mil startups do mundo inteiro, de 40 países diferentes. A gente representou o Brasil e colocou o Brasil entre as top 12 startups no mundo. Aí, a premiação da Startup World Cup.
Enfim, o nosso pensamento global: a gente nasceu com o pensamento de ser uma empresa global.
Somos uma empresa do Rio de Janeiro, que sofre todos os desafios que é estar no Brasil e no Estado do Rio de Janeiro. Acho que temos uma grande oportunidade de incentivar a bioeconomia. Há coisas que podem ser feitas, seja para regulamentação de acidentes como esse, seja para viabilizar o acesso ao mercado das startups ou mesmo facilitar a vida de empresas como a nossa.
Fico muito honrado de estar aqui e acho que cumpri o prazo de dez minutos. Agradeço a oportunidade e a chance de falar um pouco mais de tratamento de resíduos. Nascemos para fazer isso e nos sentimos muito motivados com esse desafio.
Muito obrigado.
A SRA. GEIZA ROCHA – Agradeço a você, Guilhermo, e a todos os presentes que aceitaram o desafio de falar em dez minutos sobre um tema tão rico e tão cheio de informação e de fundamental importância para nós, do Fórum. Essa é a maneira que temos de conectar vocês com o Parlamento e pensar em quantas soluções já estão acontecendo no campo, quanta coisa bacana podemos ver em um tempo tão curto, e que precisamos impulsionar de certa forma e tornar conhecida.
Como o Deputado Luiz Paulo disse, normalmente eu não presido nenhuma reunião do Fórum, haveria Deputados no meu lugar. Mas, pela agenda parlamentar que se impôs hoje, estou hoje aqui com vocês para levar este evento tão importante e que não poderíamos adiar. Nesta semana precisamos ajudar a impulsionar e marcar as datas que citamos no início: a Semana Nacional do Lixo Zero e a Semana Estadual, determinada por decreto desde o ano passado; e a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que vimos o quanto de tecnologia, ciência, estudo e inovação podemos encontrar estabelecidos no campo.
A Jacivânia mandou uma pergunta, sobre a possibilidade de apresentação de outros projetos. Por conta do tempo exíguo que temos hoje não poderemos abrir para manifestações, mas deixo registrado para criarmos outros momentos de troca.
Todos receberão as apresentações e creio ser uma forma de sabermos mais e melhor sobre esse tema.
Agradeço a presença de todos e declaro encerrada a reunião.